As notícias veiculadas sobre o caso do executivo milionário assassinado pela esposa mostram as quantas andas a nossa sociedade. Como aconteceu com a menina Eloá ou com a advogada Mércia, dentre outros casos não menos famosos, o resumo da ópera é que, como a população fica ávida por notícias sobre esse tipo de acontecimento, a mídia aproveita para dissecar o assunto, desnudando detalhes da intimidade de pessoas até então desconhecidas e que de um momento para outro se tornam celebridades.
Na manchete atual, a garota ambiciosa que partiu para a cidade grande em busca de “um futuro melhor”, segundo as palavras da mãe atordoada com o desfecho da história, encontrou seu momento de fama da maneira mais trágica que se pode imaginar, destruindo sua vida e a da pessoa que dizia amar.
É lamentável que estejamos discutindo se Elize tinha ou não motivação para acabar com a vida de uma pessoa que havia propiciado sua ascensão ao luxo e a sociedade que a abominava pelo exercício da mais antiga das profissões.
Na verdade, o caso chama a atenção não apenas pela brutalidade, mas também por uma característica recorrente na crônica policial, o crime passional, carregando a pergunta que não quer calar: o que leva alguém à decisão extrema de matar uma pessoa com quem mantém ou manteve um relacionamento afetivo?
Para os especialistas, há uma característica comum nessas tragédias, já que os crimes são quase sempre motivados por sentimentos como ciúmes, insegurança ou sentimento de posse no mais alto grau.
A única certeza que podemos tirar disso tudo é que, embora amor, ciúme e morte andem sempre juntos nas crônicas policiais, a sociedade não aceita mais o argumento do ciúme extremo como explicação para um crime desse tipo, o que acaba revelando um amadurecimento da própria sociedade. Ao menos esse é um bom sinal.