Foi-se o tempo em que a imprensa publicava apenas fatos, e se comentava algum deles, era com base nos mesmos e com conhecimento/autoridade para fazê-lo. Infelizmente, Ênio Pesce, José Paulo de Andrade, Joelmir Beting e Hitler Fet, entre outros, não estão mais por aqui.
Não sei exatamente, mas desde que a internet tornou-se parte do corpo das pessoas e ferramenta única de pesquisa/apuração de jornalistas, o chutômetro, a especulação, a lacração e o cancelamento de reputações tornaram-se práticas, regras que se aplicam a qualquer caso, sendo fato ou não.
A ida de Jair Messias Bolsonaro aos Estados Unidos, mesmo antes do fim de seu mandato, para, claramente, não entregar o Brasil ao seu sucessor, é pauta permanente na imprensa que não faz outra coisa senão lacrar.
A possibilidade do ex-presidente ser candidato nas eleições de 2026 atormenta não apenas partidos de esquerda, que se esforçam para tentar impedir que Bolsonaro seja candidato, mas tira o sono de jornalistas que não seguem nem um pouco as métricas que nortearam carreiras brilhantes, como a de Pesce, José Paulo, Joelmir e Hitler Fet.
Abro dezenas de sites todos os dias em busca do que mais de mais importante o Brasil fala, comenta, se interessa. E, invariavelmente, especulações e tentativas de lacração contra o ex-presidente e sua família ocupam a maioria dos espaços da imprensa militante de esquerda.
O caso das jóias presenteados ao governo federal pela Arábia Saudita e a reunião de conservadores com a presença de Bolsonaro e de Donald Trump, nos Estados Unidos, ocupam espaços da imprensa onde deveriam estar os “feitos” do governo atual. Mas não. A blindagem descarada ao sucessor de Bolsonaro é mais forte e seus “feitos” têm menor destaque até mesmo entre aqueles que já se arrependeram de fazer o L.
Evidente que o caso das jóias deve ser investigado – não julgado sem que o acusado e demais envolvidos possam ser ouvidos.
Evidente que uma reunião que tenha dois ex-presidentes de grandes países, como EUA e Brasil, deve ser avaliada – nunca apenas pelo viés esquerdista/comunista que domina a imprensa.
Também é evidente que a relação/ligações do sucessor de Bolsonaro com ditaduras, a insinuação/projeto de liberar o aborto pago pelo SUS ou de descriminilizar as drogas deveriam ter espaços consideráveis nos jornais, emissoras de TV, rádios e sites em geral.
Mas, o que se vê? Eu respondo: uma campanha antecipada, um esquema que, novamente, envolve Poder Judiciário, TSE e o Congresso Nacional para impedir que Bolsonaro mantenha o apreço que conquistou entre o povo.
Se ele será candidato em 2026 ou não ainda não se sabe com exatidão. Têm-se apenas pistas. E se o for, será por direito exatamente como qualquer outro brasileiro possui. Para o desespero de quem precisou de “forças extras” para superar a popularidade do ex-presidente fora das urnas.
Valdecir Cremon é jornalista e professor universitário