A última grande notícia tucana é que até o final do ano o governo estadual vai instalar sistemas de monitoramento de câmeras em todas as escolas estaduais das cidades da Grande São Paulo.
Segundo consta, cerca de 1.600 escolas já tiveram o sistema implantado e faltam cerca de 600 para ajudar na solução dos furtos e atos de vandalismo.
Todos os equipamentos custarão cerca de R$ 27 milhões, entre instalação e manutenção anual, sendo que as câmeras são instaladas apenas nas áreas comuns das escolas e não existe, ainda, nenhum projeto para que as salas de aula também sejam monitoradas.
Tudo bem que a intenção primária é preservar o patrimônio público, porém, é óbvio que a medida busca, também, diminuir a violência entre os alunos e inibir a atuação de pessoas estranhas ao ambiente estudantil, como traficantes de drogas, vendedores de bebidas alcoólicas ou outros marginais.
A pergunta que não quer calar é uma só: onde foi que erramos? Sim, porque é um absurdo ter que vigiar um aluno dentro da escola e daqui a pouco dentro de uma sala de aula.
Creio que a resposta é simples e direta: erramos ao adotar políticas educacionais equivocadas. Há várias décadas, fomos nos acostumando a ver a educação brasileira se deteriorando, sem que fosse tomada nenhuma providência para reverter o quadro caótico. Durante décadas, nos acostumamos com a desvalorização do saber institucionalizado.
Fomos aceitando a figura do professor sendo menosprezado dia após dia, mas, principalmente, fomos obrigados a aceitar a falta de estímulo ao estudo, porque estudando ou não, o aluno é sempre aprovado, muitas vezes chegando ao ensino superior praticamente analfabeto.
Não bastasse isso, ainda fomos sendo obrigados a conviver com a falta de estrutura das famílias, que deixaram para a escola a obrigação de educar e com isso também contribuíram para o aumento da violência, com o excesso de liberdade e a falta de limites, além da enorme desigualdade social.
Seria muito mais simples adotar uma política educacional eficiente e transformadora do que instalar câmeras e criar “big brothers” a torto e a direito. Infelizmente, nossos governantes não pensam assim.