O ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) Carlos Arthur Nuzman negou ter conhecimento da compra de votos pelo Brasil para garantir a conquista dos Jogos Olímpicos no país. Ele foi interrogado nesta quarta-feira (22) pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, dentro da Operação Unfair Play.
O magistrado iniciou o interrogatório querendo saber se Nuzman tinha informações sobre pagamento de vantagens para que o Rio de Janeiro sediasse os jogos e se ele conhecia o empresário Arthur Soares, conhecido como Rei Arthur, atualmente foragido, que teria intermediado o pagamento.
“Eu não conheço nenhuma proposta de compra de votos, nenhuma ação que tenha gerado isso, não conheço Arthur Soares, nunca o vi, nunca o encontrei”, declarou Nuzman, que chegou a ser preso na deflagração da operação, em outubro de 2017.
Na época, se descobriu que ele guardava 16 quilos de ouro em um banco na Suíça, em um valor aproximado de R$ 2 milhões. Perguntado pela procuradora federal Fabiana Schneider sobre a origem do ouro, Nuzman disse que era fruto de negócios passados, mas não soube justificar porque não havia declarado à Receita Federal, o que só foi feito depois da descoberta.
Nuzman também disse desconhecer o teor de e-mails recebidos do ex-presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo, o senegalês Lamine Diack, cobrando repasses de dinheiro. De acordo com a denúncia, Nuzman, o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-diretor de marketing do COB Leonardo Gryner solicitaram diretamente a Arthur Soares o pagamento a Lamine Diack e seu filho, Papa Diack, de US$ 2 milhões, para garantir votos para o Rio de Janeiro na eleição da cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
A audiência desta quarta-feira foi a última do processo, que agora se encaminha para o final, com a promulgação de sentença sem data prevista.