Com um acidente a cada 2 horas, o número de mortes e de pessoas gravemente feridas em rodovias federais voltou a subir em São Paulo, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), obtidos pelo Metrópoles.
De acordo com o balanço, foram registrados, ao todo, 4.371 acidentes no ano passado, 2% a mais que os 4.292 casos registrados em 2021.
As ocorrências nas estradas federais resultaram em 223 mortes e 740 pessoas gravemente feridas em 2022. No ano anterior, haviam sido 219 óbitos e 671 lesões graves.
Uma das vítimas é o cantor sertanejo Aleksandro, morto em um acidente de ônibus na Rodovia Régis Bittencourt (BR-116), em Miracatu, interior de São Paulo, em maio de 2022.
Na ocasião, o veículo tombou após o pneu dianteiro estourar e outras cinco pessoas morreram.
A Régis Bittencourt é a que mais concentra acidentes graves, segundo os dados, com 73% das mortes em estradas federais de São Paulo. No total, a rodovia registrou 3.164 casos, com 521 feridos e 163 óbitos.
Foi na Régis Bittencourt que duas crianças morreram, em setembro de 2022, após o veículo onde estavam sofrer uma pane mecânica. Parado na pista, na altura da cidade de Registro, na região de Sorocaba, o veículo acabou atingido por outro carro e por um caminhão.
Já em outubro passado, o empresário João Luiz Quagliato, de 44 anos, morreu depois de bater sua BMW X3 na traseira de um caminhão na Rodovia Transbrasiliana (BR-153), próximo à cidade de Campos Novos Paulista, também no interior. Ao todo, a rodovia registrou 18 óbitos.
Cenário preocupante
No Brasil, o número de mortes em rodovias federais chegou a 5.426 em 2022, de acordo com o balanço. Foram 64.255 acidentes registrados, no total, que resultaram ainda em 18.063 lesões graves.
Entre as unidades federativas, São Paulo ocupa o 9º lugar em maior número de mortes em acidentes de trânsito nas rodovias federais. Os três piores colocados são Minas Gerais (699), Paraná (527) e Bahia (525).
Especialista em Medicina do Tráfego, Alysson Coimbra avalia que o cenário de acidentes em São Paulo é “preocupante, mas não chega a ser uma surpresa”. Ele cobra mudanças na política nacional de trânsito e maior rigidez em relação a motoristas infratores.
“A agressividade e imprudência dos motoristas, evidenciadas no desrespeito às regras de trânsito e no excesso de velocidade nas rodovias, explica essa alta mesmo com uma certa estabilidade no número de acidentes”, diz o especialista, que é diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra).
O Metrópoles procurou a PRF-SP para comentar os dados e falar das medidas adotadas para reduzir acidentes, mas ainda não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.