O Clube Atlético Votuporanguense anunciou oficialmente na tarde de ontem a contratação do seu novo treinador: Júlio Sérgio, de 41 anos, ex-goleiro do Santos e da Roma, da Itália. Ele, que comandará a Alvinegra nos três últimos jogos da A2, concedeu entrevista exclusiva ao jornal A Cidade.
Júlio começou sua carreira em Ribeirão Preto, depois rodou bastante pelo interior até chegar ao Santos, onde viveu três excelentes anos (de 2002, 2003 e 2004). Posteriormente, o arqueiro sofreu com lesões até que em 2006 foi para o Roma e ficou oito anos no futebol europeu.
Em 2014 retornou para o Brasil, onde defendeu o Comercial de Ribeirão Preto, onde encerrou a carreira de atleta e começou a estudar para ser técnico. Júlio fez cursos na Europa e retornou para o Brasil em 2015 para treinar o Crac, de Catalão-GO, onde ficou um ano. Depois passou por Sertãozinho, Olímpia, Prudentópolis-PR, Linense e Marília, seu último clube.
Por que você veio para o CAV?
Porque a Votuporanguense é um clube bem estruturado, que cumpre com todas as suas obrigações e que dá condições, em todos os sentidos, para que você pratique futebol. O Marcelo eu já conheço há muito tempo, conheço vários profissionais que já trabalham aqui e todas as informações que obtive foram as melhores. É um desafio. A Votuporanguense ganhou dois jogos e temos que ganhar dois jogos para dependermos só de nós, com a conta que a gente fez, então acho que é um desafio importante na minha carreira e pode ser um divisor de águas para mim.
Qual seu estilo de jogo?
Acho que o futebol tem que ser jogado. Uma das características dos meus times, eu fico satisfeito quando eu ouço as pessoas falarem que elas entendem aquilo que eu proponho. Eu gosto muito de tática, eu acho que a tática é um diferencial no jogo hoje e acho que independentemente da série A ou D, você pode fazer o seu time jogar futebol. É óbvio que eu quero ganhar, e se eu puder ganhar jogando eu vou ficar muito mais satisfeito. A gente sabe que a A2 é um dos campeonatos mais difíceis do Brasil, então sabemos o tamanho do desafio que é, mas quanto maior o desafio, maior o sabor da vitória, é isso que é o meu propósito de estar aqui.
O que fazer para escapar do rebaixamento?
Eu acho que é um outro campeonato, é um tempo muito longo de inatividade, então a gente vai ter que se preparar bem para começar um campeonato novo, só que vamos trazer aquele problema do campeonato antigo, principalmente a parte psicológica, quesito que precisamos trabalhar muito. A gente ganha jogando futebol, não tem muita conversa, a gente tem que ser melhor, temos que dominar, temos que ter a bola, criar mais oportunidades e ser mais organizados. Esse é o meu propósito de futebol, se fosse para eu vir aqui e colocar cinco caras defendendo e cinco atacando, não seria eu o treinador da Votuporanguense. Eu quero meu time organizado, eu quero um time que tenha condições de controlar o jogo, ter a bola – e em um campo maravilhoso como esse nós temos condições para isso. A responsabilidade é de todo mundo, se perder não sou eu que vou perder e se ganhar não serei eu que vou ganhar; é um jogo de equipe, de estratégia, então isso tem que ficar bem claro, e os artistas são os jogadores, eles que decidem, que se tornam ídolos e que fazem a diferença. Vamos trabalhar para eles, para que eles se sintam à vontade, obviamente dentro de uma hierarquia, mas não tem essa de falta de educação, grito, isso não resolve mais nada.
Você já pediu alguma contratação?
Eu particularmente acho que a Votuporanguense montou um bom elenco, alguma coisa deve ter acontecido para que esse elenco não tivesse o rendimento adequado, mas as peças em si são muito boas. É óbvio que se eu puder trazer jogadores que eu conheço, que eu tenho vontade de trabalhar ou que já tenham trabalhado comigo, pode ser uma vantagem para eu poder introduzir a minha metodologia de trabalho e ser mais fácil a absorção de informação pelos jogadores, mas isso não é um problema pra mim. Eu acho que tenho que ser inteligente suficiente para trazer os jogadores para o meu lado, fazê-los entender aquilo que eu penso para que a gente coloque isso em prática no campo.
Alguma promessa para a torcida?
A única promessa que eu posso fazer é que meu time vai correr muito, será organizado e vai ser um time que procura jogar futebol com a bola no chão. Agora, o futebol é o único esporte coletivo que a gente não pode falar quem vai ganhar. No vôlei, no basquete, em todos os outros esportes coletivos, 99,9% das vezes o melhor vai ganhar do pior, no futebol não, porque ele tem muitas variáveis. Então, organização, vontade e o máximo de esforço para mantermos a Votuporanguense na A2, isso eu posso prometer; qualquer outra coisa é loteria no sentido de promessa.