A reforma no currículo do ensino médio será a prioridade do futuro ministro da Educação, Cid Gomes. “Não será de um dia para o outro, vamos negociar com todo mundo antes”, disse à Folha.
A proposta defendida por Cid é a adequação do currículo à aptidão do aluno. Se ele tiver propensão à área de exatas, por exemplo, poderá dar ênfase à matemática e à física no ensino médio.
Além da reforma, o novo ministro cita entre suas metas a ampliação de vagas no ensino infantil e de escolas de tempo integral, promessa de Dilma Rousseff na campanha.
Segundo Cid, no ensino integral, a ideia é focar as séries finais do ensino médio e fundamental, priorizando as periferias das grandes cidades.
Governador do Ceará em fim de mandato, Cid Gomes toma posse na pasta em 1º de janeiro. A melhora em alguns indicadores educacionais no seu Estado foi o que motivou o convite de Dilma.
Recentemente, o governo federal chegou a adotar um programa de alfabetização inspirado em uma iniciativa cearense para ensinar crianças de até oito anos de idade a ler e a escrever.
Na política, Cid esteve do lado de Dilma quando seu antigo partido, o PSB, votou a favor do rompimento com o governo federal, em 2013. Dias depois, acabou saindo do PSB e entrando no Pros.
Cid provocou polêmica com uma frase durante paralisação de professores em 2011, ao comentar os baixos salários de um docente no Ceará: “Quem entra na atividade pública, e isso vai de deputado, a governador, prefeito e vereador e também médico, professor e policial, a meu juízo, deve entrar por amor, e não por dinheiro.”
À Folha, disse ter sido mal interpretado. “Sou filho de professores. Meus pais me sustentavam com o salário deles, amavam o que faziam.”
Deputados petistas tentaram impedir a escolha de Cid Gomes para o ministério.
O núcleo de educação do PT apresentou uma carta com 21 assinaturas a Dilma, no início do mês, pedindo que um petista ocupasse o cargo.
Os deputados lembravam que será a primeira vez em doze anos que um político de outro partido assumirá o controle da pasta. Segundo eles, o ex-presidente Lula também ficou contrariado.
“Essa é um reivindicação legítima, dado o acúmulo do partido no setor”, argumentou a deputada Fátima Bezerra, coordenadora da bancada da educação. Para acalmar os ânimos, Cid sinalizou com a possibilidade de petistas participarem do ministério.