No Brasil, a perseguição obsessiva, conhecida como stalking, tem se mostrado um problema crescente, especialmente para as mulheres. Desde a sanção da lei de stalking em 2021, é registrado 9 crimes do tipo a cada hora contra vítimas femininas. As ocorrências cresceram 38,5% em 2023.
Casos como o da influenciadora Renata Meirelles, de 38 anos, que enfrentou meses de perseguição, têm ganhado mais visibilidade. Inicialmente, a influencer recebeu mensagens desconexas, seguidas de abordagens físicas assustadoras. Após várias tentativas de bloqueio, o agressor persistiu, criando múltiplos perfis e enviando mais de 500 mensagens ao longo de nove meses. Ele até descobriu o endereço de Renata, aparecendo em sua casa em duas ocasiões e até a seguindo até o cabeleireiro.
Após acionar a polícia, a influenciadora enfrentou dificuldades para obter uma medida protetiva, pois casos de stalking eram geralmente associados à violência doméstica. No entanto, com a lei de stalking, ela finalmente obteve a proteção necessária contra o agressor.
Em 2023, o Brasil registrou um aumento significativo nos casos de stalking, com 79,7 mil denúncias envolvendo mulheres, representando um aumento de 38,5% em relação ao ano anterior. Especialistas apontam que, embora casos como o de Renata sejam comuns, a perseguição geralmente ocorre em relacionamentos anteriores.
A delegada Cristine Nascimento Costa, da 1ª DDM de São Paulo, destacou em entrevista à Folha de S.Paulo que o stalking por meio das redes sociais é prevalente, pois oferece aos agressores uma maneira mais fácil de operar sem o risco de abordagem policial.
“[O agressor] tem mais facilidade hoje de operar o crime, corre menos risco de uma abordagem policial e é muito fácil seguir uma pessoa, criar um perfil fake”, afirmou.
Além disso, a falta de recursos humanos e técnicos dificulta a investigação policial, resultando em subnotificação. Juliana Cunha, da Safernet, observou que estados da região Norte têm os maiores indicadores de violência contra a mulher.
Em São Paulo, mulheres na faixa etária de 30 a 39 anos representam a maioria das vítimas de stalking. A maioria dos casos ocorre em espaços públicos ou residências, mas uma parcela significativa ocorre online, por meio de aplicativos de mensagens e redes sociais.
A delegada Costa enfatizou a importância de denunciar o stalking no início da perseguição e reunir evidências, como mensagens, gravações e imagens de câmeras de segurança, para interromper a progressão criminosa do agressor antes que a situação se agrave, podendo levar até ao feminicídio.