O Congresso Nacional pode acabar com o acesso da população ao esporte e ao entretenimento através da rádio difusão. O rádio esportivo, como é conhecido por todos, está sob risco.
A Lei Geral do Esporte, aprovada pela Câmara dos Deputados, tem artigos que poderão fazer com que emissoras espalhadas por todo o país, independente do porte, tenham que pagar para transmitir partidas de futebol. Para o presidente da Associação de Rádios e Emissoras de São Paulo, Rodrigo Neves, a proposta é descabida, já que trata de um veículo que não só leva entretenimento, mas também presta serviços com informações relevantes aos torcedores que se deslocam às arenas e estádios para acompanhar os eventos.
“O rádio é um prestador de serviços, faz o antes, durante e depois do evento. Durante o evento, ele informa sobra trânsito, o que está acontecendo, alguma intercorrência que qualquer evento pode ter. Parece que você cobrar alguma coisa por ele, é uma coisa que você vai penalizar o rádio e, mais o que isso, você vai penalizar todos que estão participando do evento e do evento em si. Não faz sentido você pegar um veículo prestador de serviço e penalizar ele com algum custo que é totalmente descabido”, disse Neves.
A medida pode ser um tiro no pé dos próprios clubes, que deixariam de divulgar seus produtos em um canal tão importante e democrático quanto o rádio, que não escolhe o seu ouvinte, é aberto a todos, independente da camada social. Para o advogado especialista em direito esportivo, José Francisco Mansur, a medida não é boa para o futebol porque todos saem perdendo. “O envolvimento com o esporte que toda uma geração teve foi construído por meio do rádio. Então, é um processo que, economicamente não faz sentido, porque você não vai conseguir gerar grandes valores para os clubes e ao mesmo tempo, vai tirar desses clubes milhões de consumidores potenciais que seriam formados através da transmissão por rádio. É uma conta que não me parece inteligente. Os clubes perdem, o rádio perde muito e a população perde muito porque não vai ter acesso a esse entretenimento e essa cultura esportiva”, disse Mansur.
Neves destaca que a agilidade do rádio é indispensável. “Mesmo você tendo a imagem e as mídias sociais, tudo isso é complementar. É o rádio que tem o pulso, a credibilidade, a instantaneidade na informação. Essa credibilidade a gente vê que não tem nas redes sociais, você vê se é fake ou fato direto. Quando o rádio dá, ela tem credibilidade”, afirma. Esse custo adicional para as emissoras deve inviabilizar as vibrantes transmissões tão aguardadas pelos ouvintes que acompanham seus times. A pergunta que fica é a quem interessa calar um veículo tão importante como o rádio.