Muhamaad Ali era multifacetado.
Um dos maiores nomes da história do esporte em todos os tempos, campeão mundial de boxe nos pesos pesados, defensor da causa dos negros, financiador de pesquisas sobre o Mal de Parkinson, pacifista… e negociante de carros.
O pugilista morto na última sexta-feira aos 74 anos teve essa nova (e curta) carreira com automóveis aqui, no Brasil, mais precisamente em Curitiba e Porto Alegre.
Os canais ESPN farão uma programação especial em homenagem a Muhammad Ali. A ESPN e o WatchESPN exibirão “Ringside – Ali King of the World”, programa especial com três horas de duração sobre The Greatest neste domingo, às 7h. Na madrugada, também na ESPN e no WatchESPN, duas grandes lutas do maior pugilista da história irão ao ar: primeiro, às 2h, Ali x George Foreman, no antigo Zaire, em 1974; às 3h, a primeira Ali x Sonny Liston de 1964, em Miami. O duelo contra Foreman também será reprisado às 10h.
Em matéria publicada há três anos, o jornal Gazeta do Povo lembrou a passagem de The Greatest em 1987 para negociar a compra de unidades do Puma P-18, modelo da montadora brasileira fundada nos anos 1960. O único registro conhecido de sua passagem pela capital é esse ao lado, feito pelo fotógrafo João Bruschz.
O intermediário da vinda de Ali ao país foi Rubens Maluf Dabul, que levou a fábrica da Puma à capital paranaense acompanhou o norte-americano e sua comitiva (advogado, engenheiro e consultor) durante três semanas.
Nesses dias, o então ex-boxeador (aposentado desde 1981) visitou a fábrica para conhecer a fabricação do P-18, considerado uma joia. Muhammad Ali negociou então 1.440 carros por US$ 36 milhões – levados aos EUA, ele foram equipados com motores e caixas de câmbio do Porsche 911. Os veículos foram vendidos na Arábia Saudita, país cujo príncipe era amigo do pugilista, com o nome de Puma Al Fassi.
Dalmo Hernandes, em seu blog FlatOut!, escreveu: “O xeque também adorava o Puma, mas pediu algumas alterações no projeto – a carroceria ficou mais larga e foram realizadas modificações nos faróis, para-brisa e tampa do porta-malas. Além disso, o interior ganhava um novo painel, com desenho mais sofisticado e acabamento em madeira para aproximá-lo dos esportivos europeus. O modelo se chamaria Puma Al Fassi by Muhammad Ali – Al Fassi por exigência do xeque, em homenagem a seu filho, e Muhammad Ali porque associar o nome do ex-pugilista ao carro certamente ajudaria nas vendas”.
A Gazeta do Povo cita que o lendário pugilista passeou pelas ruas do centro de Curitiba e foi solícito com quem o reconhecia. Na fábrica, foi a mesma coisa.
“A negociação era com o consultor. Ele ficava na linha de produção o dia todo, brincando com os trabalhadores e fazendo mágicas”, disse ao jornal Rubens Maluf Dabul, que também falou da simplicidade do convidado. “Vestia bermuda e chinelo. Era brincalhão. Aprendeu até os palavrões da linha de montagem”.
Já em Porto Alegre, onde passou apenas um dia (29 de abril de 1987), Muhammad Ali foi conhecer a fábrica da Miura e ver o modelo 787. Ele negociou a compra de 240 unidades a serem vendidas também no Oriente Médio.
“Diretores da fábrica gaúcha, Aldo Besson e Itelmar Gobbi ficaram lisonjeados quando o ídolo lhes confidenciou durante o churrrasco: Neste carro, eu colocaria o meu nome”, revela o blog Almanaque Gaúcho, do Zero Hora.
Nele, há mais imagens da visita de Ali, como na churrascaria e na fábrica.
“Havia um problema: para a exportação para os Estados Unidos e a Europa, carros do tipo deviam andar a 250 km/h ou 300 km/h e atingir 100 km/h em cinco a seis segundos. Teriam de adaptá-lo, depois do sim de Muhammad. Por último, Ali deu uma volta em um modelo Targa pela Sertório e Farrapos, que já não correspondiam à elegância daquele momento”, continuou a postagem.