sábado, 23 de novembro de 2024
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Natália Falavigna comanda Taekwondo brasileiro no Pré-Olímpico

Chegou a hora para o Taekwondo Brasileiro, e à frente do grupo que vai disputar vagas para a Tóquio 2020 está um dos maiores nomes do país na modalidade. Medalhista…

Chegou a hora para o Taekwondo Brasileiro, e à frente do grupo que vai disputar vagas para a Tóquio 2020 está um dos maiores nomes do país na modalidade. Medalhista olímpica e campeã mundial, Natália Falavigna é a coordenadora de seleções e falou com a Agência Brasil sobre o processo de escolha dos atletas que embarcam na madruga de hoje para amanhã (de 7 para 8 de março) para a Costa Rica para disputar o Pré-Olímpico de Taekwondo. A competição acontece entre os dias 11 e 12 na cidade de Heredia e dará a vaga aos dois melhores atletas de cada categoria. No evento qualificatório, são disputadas apenas as categorias olímpicas. No feminino: “até 49 quilos”, “até 57 quilos”, “até 67 quilos” e “acima de 67 quilos”. E no masculino: “até 54 quilos”, “até 68 quilos”, “até 80 quilos” e “acima de 80 quilos”. Quatro atletas ainda estão vivos nessa reta final da corrida rumo a Tóquio: Talisca Reis (até 49kg), Milena Titoneli (até 67kg), Edival Marques, o Netinho (até 68kg) e Ícaro Martins (até 80kg). De acordo com Falavigna, os dois últimos anos dos atletas foram considerados. “Construímos um índice de desempenho levando em consideração o nível do torneio e a rodada alcançada pelo atleta. Além disso, a Confederação levou em consideração a qualidade dos rivais internacionais que os brasileiros teriam que enfrentar”, disse.

O funil é tão estreito que até o medalhista de bronze na Rio 2016, Maicon Andrade, ficou de fora. Uma das responsáveis pela escolha, Falavigna releva que a decisão não foi nada fácil. “São atletas que lutam em oito categorias em cada naipe nas competições mundiais que se fundem em apenas quatro nas disputas olímpicas. E a gente pôde escolher apenas duas masculinas e duas femininas. Então, não foi só o Maicon que ficou fora. A Raiany Fidelis, a Gabriele Siqueira, o “Paulinho” (Paulo Ricardo Melo) também não foram. Todos são grandes atletas, com performances excelentes, mas nós seguimos aqueles dois critérios e referenciais para formar a Seleção. Temos a consciência de que é um processo muito difícil. Até pela idade, todos eles são atletas que seguem no nosso ´radar´ para 2024″, disse Falavigna.

A expectativa da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTkd) é igualar a maior equipe já enviada pelo país para um edição de Jogos Olímpicos, justamente a Rio 2016. Há quatro anos, Venílton Teixeira (58kg), Iris Sing (49kg), Júlia Vasconcelos (57kg) e Maicon Andrade (80kg) representaram o Brasil. ” É claro que a Confederação tem as suas metas e objetivos como grupo e seleção. Mas sabemos que eles só se tornarão realidade se a performance individual for a melhor possível. O torneio tem o peso psicológico de levar à Olimpíada, mas também tem adversários muito fortes”, projeta Natália.

Dirigente
A Natália chegou ao cargo de coordenação de seleções justamente no pior momento da modalidade no Brasil. O afastamento do ex-presidente Carlos Fernandes, a perda do repasse oriundo da Lei Agnelo Piva, pela falta de prestação de contas entre os anos de 2014 e 2016, a posterior condenação do ex-dirigente por fraude e a eleição do novo presidente da CBTkd, Júnior Maciel em 2017. Nesse ambiente a campeã mundial de 2005 começou o seu trabalho como dirigente. “Eu tive um bom professor e orientador no meu mestrado. Ele sempre dizia que a gente não pode mudar o sistema do lado de fora. É preciso estar dentro dele para começar a fazer a diferença”, lembra ela.

Essa “ entrada “ aconteceu no momento que as lesões, que perseguiram a atleta a partir de 2011, a impossibilitaram de participar dos jogos do Rio de Janeiro. “Eu comecei a trabalhar do lado de fora do tatame em 2015. Mas a participação ficou mais intensa com a chegada do Júnior anos depois. Ele me deu carta branca para que eu trouxesse as pessoas nas quais eu acreditava e os resultados começaram a aparecer.” Ela garante que procura usar toda a experiência como “sustentação” para que os atletas dessa geração possam se preocupar apenas em dar o máximo durante as lutas. “Tudo o que eu sofri e vivi, eu passo para eles para que eles cheguem o mais próximo possível do máximo do potencial, que eu sei que é gigante.” Sob à “batuta” de Falavigna, falando apenas nos quatro atletas que irão representar o Brasil no pré-olímpico, a Milena Titoneli foi campeã dos Jogos Pan-Americanos no Peru e bronze no Mundial. Também em Lima, Talisca ganhou a prata e Netinho, o ouro. As duas principais conquistas do Ícaro no ano que passou foram os vice-campeonatos nos Jogos Pan-Americano e no Campeonato Mundial.

Conquistas
Falar de conquistas e de Natália Falavigna em uma mesma matéria e não citar as várias vitórias que a transformaram no principal nome da modalidade no país é impossível. O começo de tudo foi o ouro no Mundial Júnior de 2000 na Irlanda. “Foi o começo de tudo. É difícil falar sem ser nostálgica. Mas sou super orgulhosa de tudo que eu conquistei”, lembra ela.

O ouro no Mundial de 2005 em Madrid foi a principal conquista da atleta paranaense. A medalha veio com a vitória sobre a britânica Sarah Stevenson na final. “Foi um marco para a modalidade no Brasil. Existia um consenso dentro do taekwondo brasileiro de que a gente nunca iria ser campeão mundial. Os atletas viam a chave e falavam: “Ah! Vou cruzar com a coreana. Sem chances. Aquele ouro quebrou paradigmas. Foi uma ruptura no padrão de pensamento daquela geração.” Antes disso, o melhor resultado do país havia sido a prata com Alisson Yamagudi (até 58kg), em 1993; Milton Iwama (até 64kg) em 1993 e Leonildes Santos (até 55kg) em 1995.

Jogos Olímpicos
Em Atenas 2004, a brasileira bateu na trave na tentativa de escrever mais um capítulo glorioso na sua trajetória como atleta. Na luta que valeria o bronze, que seria a primeira medalha da história do país, Falavigna acabou derrotada pela experiente venezuelana Adriana Carmona por 9 a 4. “Tudo faz parte de um processo de amadurecimento. Naquele momento, acabei enfrentando uma atleta bem mais experiente que já havia estado nos Jogos de Sydney em 2000. A minha imaturidade pesou. É duro demais você perder uma luta e ter que voltar logo na sequência para outra decisão”, revela. Naquela edição, além da Natália, Diogo Silva também teve participação destacada. Tornando-se o primeiro brasileiro a vencer uma luta olímpica em toda as participações do país nos Jogos.

Em Pequim-2008, depois de uma derrota doída para a norueguesa Nina Solheim, definida apenas pelos árbitros depois do empate no Golden Score, Natália chegava à outra disputa de bronze. Só que aí a sueca Karolina Kedzierska não foi páreo para a brasileira: 5 a 2 para Natália e a história, agora sim, estava sendo escrita. O Brasil ganhava a sua primeira medalha em Jogos Olímpicos no taekwondo. Bronze na categoria até 67 kg. “Toda aquela situação que eu vivi quatro anos antes me serviu de base para que eu fizesse história em Pequim. Vivi um pressão parecida com aquela de Atenas, mas estava super bem preparada. Tinha uma certeza e um controle emocional completos. Espero que essa geração atual vá para Tóquio e supere as minhas marcas. Os sarrafos estão aí para serem superados. E que as próximas possam fazer cada vez mais. Assim eu estarei realizada também como gestora esportiva”.

Na terceira edição olímpica, em Londres-2012, Natália tinha pela frente uma adversária forte logo na primeira luta: a sul-coreana In Jong Lee. A derrota veio por 13 a 9. Mas a dor da paranaense foi maior ainda. Ela sofreu uma fratura no tornozelo direito. Um ano antes, ela já havia passado por uma cirurgia no joelho para reconstrução do ligamento cruzado anterior e do menisco lateral da perna direita. “As lesões são sempre inesperadas. Mas a minha carreira foi abreviada por elas. Tinha muitos sonhos de representar o Brasil em cada nos Jogos do Rio de Janeiro. Só que tenho também a consciência de que devo muito da minha chegada nessa posição dentro da Confederação a isso. A tudo que eu vivi como atleta inclusive às lesões”, afirma.

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