Durante o encerramento de uma missa nesta quarta-feira (12), no Santuário Nacional de Aparecida (SP), o padre Camilo Júnior parabenizou quem aproveitou o dia da Padroeira para celebrar a Santa. “Hoje não é dia de pedir votos, é dia de pedir bênçãos”, disse. A fala foi seguida por aplausos dos devotos.
A afirmação do padre foi feita após a visita do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, que cumpriram agenda política em Aparecida (SP) e acompanharam uma missa na Basílica.
O dia 12 de outubro é feriado no Brasil em homenagem à padroeira do país para os católicos, Nossa Senhora Aparecida.
Durante a missa realizada na Basílica Histórica, o padre destacou aos fiéis a importância da data para os católicos e parabenizou os devotos que estavam na igreja para homenagear à Santa.
“Parabéns a você que está dentro da Basílica, que entendeu que hoje é dia de Nossa Senhora Aparecida. É a Ela nossas palmas, é a Ela nossa aclamação, é a Ela nosso viva. Só temos segurança nas mãos de Deus e no colo de Maria”, afirmou.
Após essa fala, o padre finalizou opinando que a data não era momento para fazer campanha eleitoral e foi aplaudido pelos devotos que acompanhavam a celebração.
“Hoje não é dia de pedir voto, é dia de pedir bênçãos. Palmas à Mãe Aparecida, é a Ela nosso louvor”, afirmou.
Além de acompanhar a missa das 14h, o presidente Bolsonaro e o candidato Tarcísio de Freitas foram até a tenda dos peregrinos, que fica na Basílica e acolhe romeiros na chegada ao Santuário. No local, eles tiraram fotos com devotos e voluntários que trabalhavam na tenda.
O presidente tinha presença confirmada em um terço que seria realizado às 16h, em frente à Basílica Histórica, organizado pelo Centro Dom Bosco de forma autônoma e sem ligação com a Festa da Padroeira, mas Bolsonaro não participou e foi embora do Santuário de carro às 16h.
“Exploração da fé”
Nesta terça (11), véspera do feriado de Nossa Senhora Aparecida, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu nota lamentando o que chamou de “intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno” das eleições deste ano.
A nota não cita candidatos nem situações específicas. No entanto, segundo apuração do colunista do g1 Gerson Camarotti, o texto tem relação com a ida do presidente Jair Bolsonaro ao Círio de Nazaré, no Pará, no último domingo (9), em meio à campanha.
Quando a CNBB emitiu o comunicado, a agenda de campanha de Bolsonaro para o feriado também já tinha sido anunciada. Em reação, a Arquidiocese de Aparecida também divulgou nota para evitar o uso político das atividades desta quarta.
“Nesta segunda-feira, dia 10 de outubro, o Cerimonial da Presidência da República informou que o presidente Jair Bolsonaro pretende participar de uma das missas do dia 12 de outubro. Assim como em outros anos, o Santuário recebe a visita e se programa para acolher o Chefe de Estado, buscando também garantir a rotina de visita dos romeiros. Na agenda de Jair Bolsonaro consta a participação em um Terço que será rezado na cidade de Aparecida. Assim, reforçamos que esta atividade não é celebrada pelo Santuário Nacional e nem está sob a supervisão do Arcebispo de Aparecida”, informou o Santuário Nacional de Aparecida.
O colunista do g1 Valdo Cruz informou que Bolsonaro tem a chamada “guerra santa” como estratégia eleitoral, buscando voto entre os eleitores que frequentam igrejas, principalmente os evangélicos.
Em meio a esse cenário, Bolsonaro tem feito frequentes discursos de defesa da agenda conservadora, e aliados do presidente têm disseminado fake news contra o ex-presidente Lula (PT) entre os evangélicos. Recentemente, o TSE determinou a retirada do ar de parte dessas fake news.
Sermão político
Em missa pela manhã, o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, incentivou os brasileiros a votarem e afirmou que o país precisa vencer muitos “dragões”, em alusão a problemas como fome e desemprego.
Sobre o voto, o religioso afirmou: “Cidadania que vamos vivendo também votando. É necessário exercer esse direito e poder do povo”.
Dom Orlando Brandes também disse que está “faltando pão” e que isto é o que o Brasil precisa hoje, juntamente com paz e fraternidade.
“Escutar Deus, mas escutar também o clamor do povo. Porque ela escutou muito bem no Evangelho. Eles não têm mais vinho. No nosso caso, faltando pão, faltando paz, faltando fraternidade. Esses são os vinhos que todos nós precisamos nos dias de hoje.”