O virologista Maurício Lacerda Nogueira, da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), afirmou que a mutação do coronavírus identificada no Reino Unido não deve afetar a eficácia da Coronavac.
Nogueira coordena os testes da vacina produzida pelo Instituto Butantan, em parceria com a chinesa Sinovac, em Rio Preto. Ao DLNews, ele afirmou que as mutações não são motivo de preocupação no momento. “Essas mutações não devem afetar em absolutamente nada nenhuma vacina, especialmente a Coronavac”, afirmou o virologista.
De acordo com Nogueira, a Coronavac foi desenvolvida contra o vírus completo, por isso garante uma proteção ainda maior contra mutações. Rio Preto recebeu 600 doses da vacina do Butantan, que começou a ser aplicada em voluntários da área da saúde em agosto.
A variante do coronavírus, que fez com que mais de 40 países fechassem as fronteiras com o Reino Unido, já havia sido identificada pela agência inglesa de saúde em setembro. Essa versão recebeu o nome de linhagem B.1.1.7. e já sofreu pelo menos 23 mutações. A principal delas mudou a forma do espinho do novo coronavírus. É a proteína que ele usa para abrir a porta da célula. Mas ainda não existe certeza de que a chave tenha ficado mais eficiente.
O governo britânico explicou que tem uma “confiança moderada” de que a mutação fez o vírus até 70% mais contagioso. Mas há a possibilidade ainda de que o comportamento das pessoas tenha facilitado a vida do vírus.
Em entrevista ao Jornal Nacional, a microbiologista Natália Pasternak, do Instituto Questão de Ciência, afirmou que não há motivos para a população se assustar. “A mutação é algo normal. Mas o coronavírus não tem uma caixa de mutação tão alta quanto o vírus da gripe ou HIV”, afirmou Natália.
Nesta quarta-feira (23), o governo paulista deve anunciar o fim dos testes com a Coronavac e a eficácia da vacina. A expectativa é que a vacinação em São Paulo tenha início no dia 25 de janeiro.