Um estudo lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) revela que a humanidade desperdiçou o equivalente a um bilhão de refeições por dia em 2022, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (27). Este cálculo, embora provisório, aponta para uma situação ainda mais grave, evidenciando a urgência de ações para mitigar o desperdício de alimentos.
Apesar de cerca de 800 milhões de pessoas ainda enfrentarem a fome, o mundo jogou fora mais de um bilhão de toneladas de alimentos no ano passado, representando mais de US$ 1 trilhão em desperdício. Esse volume corresponde a quase um quinto de toda a produção alimentar global, uma realidade descrita como “uma tragédia global” pelos especialistas.
Segundo informações divulgadas pela Folha de S.Paulo, Inger Andersen, diretora-executiva do Pnuma, destaca a gravidade do problema, afirmando que “milhões de pessoas passarão fome hoje enquanto os alimentos são desperdiçados em todo o mundo”.
O desperdício de alimentos não apenas contribui para emissões de CO2 cinco vezes maiores do que o setor da aviação, mas também requer vastas áreas de terra para produção de alimentos não consumidos. Esse cenário coloca em destaque a necessidade urgente de ações globais para lidar com essa questão.
Richard Swannell, do Wrap, enfatiza a escala alarmante do problema, destacando que a comida desperdiçada anualmente seria suficiente para alimentar todas as pessoas que sofrem com a fome no mundo. Restaurantes, refeitórios, hotéis e lares foram identificados como os principais culpados pelo desperdício, evidenciando a necessidade de intervenções em diversos setores.
Além disso, fatores como a má gestão de porções e datas de validade contribuem significativamente para o problema. O relatório destaca que o desperdício de alimentos não é exclusivo dos países ricos e é observado em todo o mundo, com países de climas mais quentes muitas vezes gerando mais resíduos.
O impacto do desperdício de alimentos vai além das consequências sociais, afetando também o meio ambiente. A conversão de ecossistemas naturais em terras agrícolas para produção de alimentos não consumidos contribui para a perda de habitats e emissões de gases de efeito estufa.
No Brasil, por exemplo, estima-se que o desperdício na etapa de consumo familiar seja de 94 kg por pessoa ao ano, conforme o Índice de Desperdício de Alimentos.
O relatório conclui ressaltando os efeitos devastadores do desperdício de alimentos para as pessoas e o planeta, destacando a necessidade urgente de medidas para enfrentar essa crise global.