Durante a motociata que o presidente Jair Bolsonaro (PL) comparece nesta sexta-feira em Juiz de Fora (MG), uma mulher foi retirada após gritar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e chamar Bolsonaro de corrupto. A cena ocorreu na Rua Benjamin Constant, na região central da cidade, durante a agenda do chefe do Executivo. O presidente retornou a cidade pela primeira vez após a facada que ocorreu em 6 setembro de 2018.
Nas imagens, a partir de dez segundos, é possível acompanhar o momento em que a mulher grita “Lula”, em alusão ao adversário de Bolsonaro nas eleições de outubro, e vira ao presidente, que está bem próximo dela, e diz “seu corrupto”. Apoiadores e seguranças a puxam pelo braço e a conduzem para fora do ato.
Outras manifestações
No caminho da região central até o culto Congresso Estadual da Assembleia de Deus Madureira, a motociata parou. Neste momento, um apoiador de Lula ergueu uma bandeira vermelha improvisada e começou a cantar o jingle petista “Olê Lula”. O homem e os bolsonaristas passaram a trocar hostilidades e xingamentos.
Ao chegar na agenda religiosa de moto e sem capacete, o presidente foi erguido pelo sua equipe para acenar para os apoiadores. Com segurança reforçada, agentes o cercavam com placas em maletas blindadas na altura da região da barriga e quadril.
O evento da Assembleia foi fechado para imprensa e apenas convidados identificados por pulseiras puderam participar . Alguns fiéis e apoiadores de Bolsonaro tentaram entrar, mas foram barrados pela equipe de segurança.
Preocupação com a segurança
Episódios recentes de violência relacionados à política aumentaram a preocupação com a segurança dos pré-candidatos à Presidência da República e fizeram com que agendas fossem readequadas. Na semana passada, um evento de Lula no Rio foi alvo de um artefato com fezes, no mesmo dia em que o carro do juiz responsável pela ordem de prisão contra o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi atacado com excrementos e ovos. Nesta sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro ficou ao lado de opositora.
A recomendação é de que Bolsonaro cumprisse agenda em locais restritos, mas o presidente costuma insistir no contato direto com apoiadores, como faz hoje em Juiz de Fora. A campanha de reeleição fica sob responsabilidade do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão vinculado ao Palácio do Planalto.
A viagem ocorre num momento em que o titular do Palácio do Planalto vem sendo acusado de estimular atos de violência contra adversários políticos.
O tema ganhou força desde sábado, quando o guarda municipal e dirigente do PT no Paraná Marcelo Arruda foi assassinado durante a própria festa de aniversário, em Foz do Iguaçu, pelo agente penal Jorge Guaranho, apoiador declarado de Bolsonaro. Os dois iniciaram uma discussão após Guaranho invadir o evento, que tinha o PT como tema da decoração. Ele atirou contra o aniversariante. Arruda, que também estava armado, revidou, mas acabou morrendo no local. O agente penal também foi baleado e segue internado.
No entanto, Jair Bolsonaro diz que o caso de Arruda foi um fato isolado e a visita reforça o discurso de que também foi vítima de ataques políticos. Há quase quatro anos, emJuiz de Fora, levou uma facada de Adélio Bispo dos Santos.