Uma moradora de Valentim Gentil caiu no golpe do “falso presente” ao conhecer o que seria um “príncipe encantado”, em um aplicativo de namoro. Depois de iludir a vítima com propostas amorosas, o golpista disse que iria enviar uma caixa com mais de 80 mil dólares em presentes para ela, mas, tudo não passava de um esquema criminoso para tirar dinheiro da mulher.
De acordo com o processo, a vítima conheceu o estelionatário pelo “Meet”, uma espécie de aplicativo de namoro com pessoas do mundo inteiro, que é conhecido na internet como “Tinder Coreano”. Por meio desta plataforma, ela começou a conversar com um suposto homem identificado como Lee Wu Chen, que dizia morar na Califórnia, nos Estados Unidos.
Ela manteve contato com este suposto homem por cerca de 30 dias, onde foi cortejada e ludibriada com propostas amorosas. Em determinado dia, o criminoso então disse que queria presentear a ‘namorada’ para lhe agradar e, iludida, a mulher aceitou e passou para o golpista o seu endereço.
Depois de alguns dias ela recebeu um contato telefônico de uma suposta empresa transportadora, dizendo que ela deveria fazer uma transferência de R$ 2.150,00, para poder liberar a caixa enviada pelo senhor Lee na alfândega. Acreditando no alto valor do presente, ela fez a transferência no valor solicitado.
Depois disso, novamente o suposto funcionário da transportadora entrou em contato alegando que fizeram um scanner na caixa e havia descoberto que continha um valor em dólar e que a mulher precisaria transferir 10% do valor que continha no interior da caixa, para que fosse liberada da alfandega. Então, a vítima entrou em contato com Lee e indagou sobre o presente e o suposto valor que estava na caixa, ocasião em que ele alegou que havia dado de presente a ela, a quantia de 80 mil dólares, que seria uma surpresa.
A vítima, então, entrou em contato com a suposta transportadora e passou o valor que continha na caixa, sendo exigido que transferisse o valor de 10% da quantia ou ela seria presa, pois, era ilegal ter a suposta quantia em dinheiro dentro de uma caixa vinda do exterior. Ela então entrou em desespero e foi ao banco conversar com a gerente de seu banco, oportunidade em que descobriu que havia caído em um golpe.
Um boletim de ocorrência foi registrado e a Polícia Civil de Valentim Gentil passou a investigar o caso. Ao rastrear a conta para a qual a vítima havia enviado o dinheiro, os investigadores chegaram a uma mulher, identificada pelas iniciais L.D.F.
Ao ser questionada, a suspeita alegou que não fazia parte do golpe que que apenas havia emprestado sua conta bancária para o namorado, que também supostamente residia fora do país. As justificativas, porém, não foram aceitas pelo juiz responsável pelo caso, o Dr. Vinicius Castrequini Bufulin, da 2ª Vara Criminal de Votuporanga, que condenou a golpista a um ano de reclusão.
“A ré é partícipe do golpe, tendo fornecido sua conta bancária para a execução do crime, não se podendo descartar, nem afirmar, que seja uma das mentoras do plano criminoso. Como de praxe, a ré buscou sua isenção, atribuindo a terceiro o manejo da conta bancária, mas a estória contada pela ré já revela sua adesão ao plano criminoso, porque não é crível que alguém receba valores (a ré disse 7% de toda receita) por emprestar a conta bancária a um companheiro para que este possa simplesmente receber o que lhe é de direito. É o que basta para a condenação”, disse o magistrado em sua sentença.