“Eu não posso assumir isso. Eu tenho minha carreira para seguir. Eu tenho minha vida para seguir”, este é o trecho da conversa de WhatsApp de um dos amigos que estava na festa junto com o autor, de 23 anos, que atropelou e matou Estefany Ferreira Medina, de 20 anos, no último domingo, (29/01/2023), depois de uma festa pré-carnaval, em uma chácara de Cedral (SP). Junto com ele estavam outras três pessoas, que pediram para descer do carro, após atropelar a vítima.
Mensagens trocadas com o amigo, após o acidente, revelam que o suspeito fugiu e pediu para que os amigos não entregassem que ele era o autor do crime. Em um dos trechos ele pergunta se alguém teria anotado a placa de seu carro.
Em depoimento prestado nesta última segunda-feira, (31/01), na delegacia de Cedral, um dos amigos contou para a polícia que eles permaneceram no evento até o amanhecer, sendo que todos ingeriram bebidas alcoólicas a noite toda, inclusive o autor, porém não sabe informar se, naquela noite, o motorista fez o uso de drogas, já que tem conhecimento de que ele era usuário de cocaína. Por volta das 5h, o amigo conta que eles pararam de tomar bebida alcoólica e passaram a beber água, pois a festa já estava chegando ao fim. Ele fala ainda que eles davam água para o amigo beber, entretanto ele se recusava e continuava a tomar mais bebida alcoólica, até por volta das 6h, quando o bar fechou.
Segundo trecho do depoimento, a festa acabou por volta das 7h e então os três decidiram pegar carona com o motorista até às margens da rodovia Washington Luís, onde a mãe de uma amiga viria buscá-los. Quando entraram no carro, “ele começou a fazer graça com o veículo em alta velocidade e freava repentinamente”. Nesse momento, todos começaram a pedir para o autor parar, pois iria bater em outros veículos que estavam deixando o local, mas ele não escutou e continuou, sendo que, quando já estavam chegando próximo ao acesso à rodovia, o amigo viu o momento em que o veículo foi na direção da vítima e não desviou.
Ainda segundo o depoimento, uma das amigas, que também estava no carro, começou a gritar para o autor parar o veículo e prestar socorro, ocasião em que ela abriu a porta, pegou o celular e acionou o SAMU. O motorista então parou o veículo, olhou a vítima caída e foi embora, deixando os amigos no local, que aguardaram a chegada do socorro médico.
Segundo o delegado que acompanha o caso, José Rubens Paizan Silva, sete pessoas já foram ouvidas e agora só aguarda a conclusão dos laudos para finalizar o inquérito.
“Nós já ouvimos as outras três testemunhas ontem e estamos aguardando os laudos para a conclusão do caso. Entre as pessoas ouvidas estão as três pessoas que estavam com o autor no carro, os dois amigos da vítima e também os dois policiais. Imagens das câmeras também já foram anexadas ao inquérito e muito em breve já temos a conclusão do caso”, disse.
O autor foi preso em flagrante pela Polícia Militar, enquanto dormia em casa, em Guapiaçu (SP). Em depoimento ele disse que fugiu porque tinha bebido bebida alcoólica e que estava apavorado. Além de matar Estefany, uma das amigas dela também ficou ferida durante o acidente e ele responde ainda pelo crime de lesão corporal.
“O caso está registrado como homicídio culposo na direção de veículo, lesão corporal e fuga de local de acidente, porém, ainda não temos a confirmação se ele será indiciado por homicídio doloso”, finaliza o delegado.
A defesa do suspeito entrou com pedido de liberdade provisória no Tribunal de Justiça de São Paulo, questionando a legalidade da prisão em flagrante, por conta do tempo entre o atropelamento e o momento da prisão do suspeito, argumentando ainda que o cliente tem bons antecedentes, emprego e residência fixa.