O motorista que atropelou bolsonaristas em um bloqueio na Rodovia Washington Luís, em Mirassol (SP), na tarde de quarta-feira (2), disse à Polícia Civil que acelerou o carro após ser agredido pelos participantes do ato. Duas meninas, três PMs e outras 12 pessoas foram atingidos. Ninguém morreu.
O condutor foi preso em flagrante por tentativa de homicídio e encaminhado para a Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de São José do Rio Preto (SP). Ele vai passar por audiência de custódia nesta quinta-feira (3).
A Polícia Civil de Mirassol segue investigando o caso para descobrir se o depoimento do motorista é verdadeiro. Testemunhas devem ser ouvidas nos próximos dias.
Várias pessoas gravavam vídeos do ato e registraram quando um carro de cor prata acelerou e atropelou o grupo que estava no meio da pista.
Segundo o capitão da Polícia Militar Rodoviária de São José do Rio Preto (SP), Maurício Noé Cavalari, 17 pessoas foram atingidas pelo veículo. Duas meninas, de 10 e 11 anos, e três policiais militares estão entre as vítimas.
“Estávamos em negociação com os manifestantes para poder desobstruir a via por completo. A negociação era pacífica, quando teve a interrupção total da pista. Alguns manifestantes chegaram a deitar na rodovia. Não houve uso de força, mas um condutor arrancou bruscamente sobre as pessoas. Ele só parou quando os policiais fizeram a abordagem”, disse.
Ainda de acordo com o capitão, várias ambulâncias foram acionadas e levaram os feridos para hospitais e unidades de saúde da região.
“Fizemos isso para não sobrecarregar os hospitais. Retiramos o condutor e a passageira do carro para levá-los à delegacia em segurança. Também conseguimos conversar com os manifestantes e liberar a rodovia por completo”, afirmou.
Das 17 pessoas atropeladas, duas precisaram ser transferidas para o Hospital de Base de Rio Preto, pois sofreram ferimentos graves. O estado de saúde das outras vítimas ainda não tinha sido divulgado até a publicação desta reportagem.
Reação
De acordo com o coronel do Comando de Policiamento do Interior 5 (CPI-5), Carlos Enrique Forner, manifestantes tentaram agredir o motorista que atropelou o grupo, mas foram impedidos por equipes da corporação. Muitas pessoas cercaram o carro depois do atropelamento e danificaram o veículo.
“Desde o início das manifestações, nós temos tido interdição pelos caminhoneiros. Essa parte já estava controlada, mas, infelizmente, temos alguns manifestantes sapecas. Eles estavam na pista, fazendo uma manifestação pacífica, quando um dos motoristas investiu contra os manifestantes. A própria polícia fez a abordagem. Tínhamos a preocupação porque os manifestantes queriam linchar o motorista”, afirmou.
O motorista do carro que atropelou o grupo foi preso em flagrante por tentativa de homicídio e encaminhado à Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Rio Preto. Ele deve passar por audiência de custódia na quinta-feira (3).
Atropelamento
Em entrevista ao g1, manifestantes disseram que havia policiais tentando desinterditar uma das faixas da rodovia quando o motorista atropelou o grupo.
“Ele passou por cima de todo mundo e foi jogando as pessoas para cima. Foi realmente do nada. Tinham crianças com os pais na rodovia. Foi um verdadeiro absurdo. O pessoal correu atrás do veículo”, disse um homem.
Além de ajudar a socorrer as vítimas, o Corpo de Bombeiros retirou pneus incendiados do meio da pista. O trânsito foi completamente liberado nos dois sentidos por volta das 19h.
Bloqueios ilegais
Grupos contrários ao resultado das eleições ocupam rodovias em diversas regiões do Brasil desde domingo (30).
Nesta quarta-feira, a região de São José do Rio Preto registrou pelo menos oito pontos com bloqueios e manifestações.
Os bloqueios são ilegais. Na segunda-feira (31), o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a corporação e as polícias militares estaduais tomassem as medidas necessárias para desobstruir as vias.