O motorista Joaquim Pinto da Conceição, de 59 anos, morreu após sofrer ataque cardíaco, na noite da última quinta-feira, 30, em Rio Preto. Sua morte intriga a família, que acusa o colega de trabalho por omissão de socorro.
Recém- contratado por uma transportadora de Potirendaba, Conceição, que acabara de voltar da cidade sul-matogrossense de Costa Rica, faleceu assim que chegou a Rio Preto. Segundo a filha da vítima, Fabimara Perpétua da Conceição, 32, o pai, que começou no serviço na segunda-feira, 27, estava com a saúde em dia. “Ele passou por todos os exames admissionais sem problemas. Estavam perfeitos, não acusaram nada”, contou.
Apesar de passar nos exames, na quarta-feira, 29, antes de embarcar para Costa Rica-MS com o outro funcionário, Joaquim chegou a ir ao Pronto Socorro da Vila Toninho em virtude de um mal-estar. “Ele passou mal, disse que estava com uma dor no peito e foi ao PS da Vila Toninho. Ele foi atendido e, após a consulta, o médico disse que esse mal-estar poderia ser por causa de estresse. Como, aparentemente, não era nada de mais, meu pai embarcou para o Mato Grosso do Sul”, relatou.
Entretanto, após chegar na cidade, seu pai continuou a sentir dores. Joaquim chegou a ir em uma farmácia ser atendido, mas, por conta da gravidade, o farmacêutico o orientou a procurar o hospital mais próximo, já que não havia nenhum na cidade. A vítima então, pediu carona para o funcionário Marcio Aparecido Macri, 46, com quem havia viajado e que voltaria para Rio Preto. De acordo com a filha, foi a partir daí que o problema se agravou. “Ele embarcou o meu pai passando mal e não parou em nenhuma cidade para ser atendido! Ele andou 600 quilômetros com o meu pai passando mal e não ajudou em nada! Só foi parar aqui em Rio Preto!”, desabafou
Ao chegar em Rio Preto, Joaquim desceu em frente ao Carrefour, próximo à Rodovia Washington Luiz, já que havia ligado várias vezes para sua família e combinado de descer alí. Entretanto, quando a família chegou ao local combinado, encontrou a vítima caída no chão. “Ele estava caído na grama, enfartando. A gente até confundiu ele com um mendigo, pois ele estava todo urinado! Levamos ele, ainda com vida, para o PS Vila Toninho, mas ele não resistiu.”, afirmou.
A família, indignada, pretende entrar com uma ação contra a empresa e o funcionário. “Não (vamos entrar com uma ação) por dinheiro, até porque isso não vai trazer o meu pai de volta. Vamos entrar para provar para esse cara que ele não pode tratar uma vida assim. Se ele tivesse andado mais 2 quilômetros, ou parado em uma das cidades por onde ele passou, meu pai ainda estaria vivo!”, finalizou.
O portal Diarioweb entrou em contato tanto com o dono da transportadora, quanto com o tal funcionário, Marcio Aparecido Macri. Segundo o funcionário, que é auxiliar administrativo, em momento algum Joaquim se queixou de dores ou de algum mal-estar.
“A gente viajou junto, comeu junto, dormiu no mesmo hotel e ele não reclamou de nada. Estava normal! Ele me pediu para voltar, não por causa de dores ou mal-estar, mas porque não havia gostado do trabalho. Ele nem chegou a vestir o uniforme da empresa!”, relatou o funcionário.
Macri ainda afirmou: “Eu ainda perguntei se ele queria que eu levasse ele até a sua casa, mas ele mesmo respondeu que não, pois já tinha combinado com a família de se encontrarem em frente ao Carrefour”, contou. De acordo com Macri, caso a família entre com um processo contra ele, sua consciência está tranqüila. “Estou tranquilo. Até porque a gente voltou em três no carro. O outro rapaz é testemunha que o Joaquim não reclamou de dor nenhuma.”, finalizou.
Já o dono da transportadora, Glauco Amato Peres, confirmou que a empresa cumprirá com todos os direitos da vítima. “Apesar dele ter assinado com a gente na segunda-feira, a família pode ficar tranquila que vai receber o seguro de vida e o auxílio funerário. Aliás, a empresa está à disposição da família, para tudo o que ela precisar”, afirmou.