sábado, 23 de novembro de 2024
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Morre aos 90 anos o publicitário Mauro Salles

Morreu aos 90 anos, no sábado (11), o publicitário Mauro Bento Dias Salles, conhecido como Mauro Salles. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde 4 dezembro….

Morreu aos 90 anos, no sábado (11), o publicitário Mauro Bento Dias Salles, conhecido como Mauro Salles. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde 4 dezembro.

Segundo a família, Mauro tinha encefalite herpética, uma complicação neurológica, havia 16 anos. A doença prejudicou a capacidade motora e de fala.

Ele foi enterrado às 11h deste domingo (12), em cerimônia reservada para a família. Salles deixa a esposa, com quem estava havia 64 anos. Os dois tiveram duas filhas, dois filhos, dez netos e dez bisnetos.

Mauro teve participação fundamental na concepção e no lançamento da TV Globo, como diretor de jornalismo e diretor de programação, cargo que assumiu até as vésperas da inauguração da emissora, em 1965, informa o Memória Globo.

Naquele ano, também participou das negociações entre a Globo e o Grupo Victor Costa para a compra da TV Paulista, canal 5 de São Paulo. Foi ainda um dos responsáveis pela contratação de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, pela Globo. Durante o período de diretor de programação esteve à frente do humorístico “Câmara Indiscreta”, versão brasileira do “Candid Camera” americano.

O programa apresentado por Renato Consorte, Gracinda Freire, Paulo Roberto e Augusto César Vannucci flagrava a reação de pessoas comuns a situações inusitadas causadas pelos atores. Salles dirigiu a atração até 1966.

Mauro era o mais velho dos sete filhos do agrônomo Apolônio Salles e de Izabel Irene Dias Salles. Seu pai seguiu a carreira política. Começou como secretário de Agricultura de Pernambuco nos anos 1930, depois, foi prefeito, deputado estadual, ministro, senador e chegou a presidente do Senado. Em Recife, Mauro Salles estudou no Colégio Santa Cruz. Mas, em 1942, se mudou com a família para o Rio de Janeiro e se transferiu para o Colégio São Bento. Mais tarde, estudou também no Colégio Santo Inácio.

Aos 15 anos, começou a ganhar seu próprio dinheiro, dando aulas de apoio a colegas que tinham dificuldades nas matérias. Depois, ia trabalhar como guia turístico na Praça Mauá, no Rio de Janeiro.

Carreira
Mauro Salles se formou em direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Começou no jornalismo trabalhando no escritório da sucursal da revista norte-americana “Life”, no Rio de Janeiro, no começo dos anos 1950. Foi assistente de fotógrafos como Philippe Halsman, Alfred Eisenstaedt, Margaret Bourke-White, Leonard McCombe e Dmitri Kessel.

Fez estágio no departamento de fotografia da revista. Em 1954, trabalhou como repórter de política no jornal “O Mundo”. No mesmo ano, foi convidado pelo dono do jornal, Geraldo Rocha, a integrar a equipe da recém-lançada revista em cores “O Mundo Ilustrado”.

Na redação, trabalhou com jornalistas como Antônio Maria, Joel Silveira e Paulo Mendes Campos, e chegou a ser diretor da publicação. Contratou o fotógrafo alemão Egon Rosenberg, da Kodak, e o françês Ives Mansie, da Paris-Madison, que deram qualidade singular à revista. Em pouco tempo “O Mundo Ilustrado”atingiu a tiragem de 140 mil exemplares por semana, tornando-se um sucesso.

Em 1955, Mauro Salles pediu demissão de “O Mundo Ilustrado”, por discordar de um editorial da revista. Naquele ano, aceitou o convite de Roberto Marinho – antigo amigo de seu pai – para trabalhar na Rio Gráfica Editora, onde criou um departamento de promoções e relações públicas.

O Globo
Em outubro de 1955, foi para O Globo ajudar na cobertura da posse do presidente Juscelino Kubitschek. Conseguiu dois furos. Uma foto sua – mostrando a chegada de carregamentos de caviar do Irã e de lagostas do Maine (EUA) para o jantar da posse – foi publicada na primeira página do jornal.

A imagem gerou polêmica porque, na época, o Brasil se orgulhava de ser grande exportador de lagosta do Ceará e do Rio Grande do Norte. Mauro Salles também conseguiu transmitir, com exclusividade, a cerimônia das entregas de credenciais no salão nobre do Itamaraty.

Depois da cobertura da posse, Mauro Salles se tornou repórter de O Globo. Permaneceu no jornal durante 11 anos e chegou a ser diretor de redação. Nesse período, também foi repórter e assessor de diretoria da Rádio Globo.

Em certos períodos, afastou-se da redação para assumir cargos públicos. Em 1961, licenciou-se durante dez meses para ser secretário do Conselho de Ministros do Gabinete Parlamentar do então ministro da Justiça Tancredo Neves. Em 1963, foi nomeado pelo presidente João Goulart chefe de gabinete do ministro da Indústria e do Comércio Antônio Balbino. Pouco depois, em uma crise do governo, Balbino se afastou do posto e Mauro Salles foi nomeado ministro. O jornalista ocupou essa função por três meses e, em seguida, abandonou o cargo. No mesmo ano, foi vice-presidente do Instituto de Resseguros do Brasil.

Prêmios
Em abril de 1979, saiu novamente das Organizações Globo alegando que precisava de mais tempo para dedicar-se ao Latin America Daily Post, jornal de sua propriedade publicado em inglês.

De 1978 a 1982, foi presidente do Conselho Curador da Fundação Cásper Libero, com responsabilidade na direção da TV Gazeta, da Rádio Gazeta e do jornal Gazeta Esportiva. Em 1984, coordenou a campanha de Tancredo Neves à presidência da República. Depois da eleição no colégio eleitoral, chegou a ser nomeado secretário para assuntos extraordinários da presidência, mas não assumiu devido à morte de Tancredo.

Em 1991, Mauro Salles passou a presidir a Salles Vídeo Internacional. A empresa opera no mercado de importação e exportação de filmes e programas para TV. Também presidiu o Conselho da Salles/DMB & B Publicidade. É ex-presidente da Associação Brasileira de Propaganda (ABP) e da Federação Brasileira de Publicidade (FEBRASP).

Mauro Salles foi eleito presidente da International Advertising Association (IAA) em maio de 1980.

Naquele ano, liderou a criação do Código de Ética da Publicidade Brasileira, sendo redator do primeiro anteprojeto. Em 1985, ocupou o cargo de diretor do Conselho Nacional de Propaganda (CNP). Por seu trabalho como publicitário ganhou os prêmios de Homem de propaganda em 1970; Publicitário do ano de 1972; Personalidade global em1973; Homem de vendas em 1974; e Publicitário da década em 1981.

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