Um mordomo de Ghislaine Maxwell, que começou a ser julgada nesta semana acusada de ser cúmplice do falecido financista Jeffrey Epstein em abusos sexuais e tráfico de menores, disse que era obrigado a a limpar os brinquedos sexuais da patroa. A missão, disse o empregado, era “degradante”.
“Lamento dizer que foi muito degradante para mim”, disse ele no tribunal. “Não fui contratado para fazer esse tipo de trabalho”, acrescentou ele, afirmando que os brinquedos sexuais eram guardados no closet de Ghislaine após serem higienizados por ele.
“Lembro-me de encontrar um grande consolo. Parecia o pênis de um homem enorme com duas cabeças”, afirmou Alessi, de acordo com o “New York Post”.
O julgamento foi iniciado na segunda-feira (29/11) em um tribunal federal do Brooklyn, na cidade de Nova York(EUA). Ghislaine, de 59 anos, pode receber uma dura pena se o júri a considerar culpada de recrutar menores de idade para a satisfação sexual do seu namorado Epstein, que morreu na prisão há mais de dois anos. As denunciantes, cujos nomes são mantidos em anonimato, acusam Maxwell de crimes que ocorreram entre 1994 e 2004. Duas tinham 14 e 15 anos na época em que afirmam que foram abusadas. Ela também foi acusada de perjúrio, um delito que deverá ser julgado no final de 2022. Ghislaine é filha de Robert Maxwell, falecido magnata da imprensa britânica.
Juan Alessi, que trabalhou na mansão em Palm Beach, na Flórida (onde teriam ocorrido os abusos), de 1990 a 2002, testemunhou na quinta-feira (2/11). O mordomo testemunhou que viu “muitas, muitas, muitas mulheres” na mansão de Epstein, de acordo com a NBC News. Pressionada a quantificar quantas vezes ele viu mulheres jovens na mansão, mordomo disse “centenas de vezes”.
A procuradora assistente dos EUA Maurene Comey perguntou: “Qual a porcentagem do tempo em que essas mulheres estavam de topless?”
“Eu diria 75% do tempo”, respondeu Alessi.
O mordomo definiu Ghislaine como a “senhora da casa” e que havia recebido ordem dela para não “olhar Epstein nos olhos”.
Ghislaine, que estava foragida, foi detida em julho de 2020. Os promotores começaram a investigar cúmplices de Epstein, que era amigo de celebridades como o príncipe britânico Andrew, supostamente envolvido no escândalo de abusos de menores, e de ex-presidente americanos, como Bill Clinton e Donald Trump.
De acordo com a acusação, Ghislaine ganhava a confiança de jovens levando-as para fazer compras ou ao teatro e depois as persuadia para que dessem massagens em Epstein nuas em algumas de suas residências, antes de manter relações sexuais com ele em troca de dinheiro.
A acusação de perjúrio se refere a depoimentos que Ghislaine deu em 2016 em um caso de difamação movido contra ela por Virginia Giuffre, suposta vítima e uma das principais denunciantes de Epstein. Virginia alega que Epstein a emprestava para fazer sexo com amigos poderosos, como o príncipe Andrew, a quem denunciou em Nova York. Ela alega que o integrante da família real britânica fez sexo com ela há mais de 20 anos, quando tinha 17 anos. Alessi identificou Viriginia como frequentadora da mansão em Palm Beach. Uma outra adolescente vista por ele na residência é identificada com o pseudônimo de Jane.
“Ela era bonita e parecia ter uns 14, 15 anos”, afirmou ele no tribunal.
O bilionário floi encontrado morto, aos 66 anos, na cela que ocupava em uma prisão de Manhattan, em agosto de 2019, enquanto aguardava um julgamento pelas acusações de tráfico sexual de menores. De acordo com a versão oficial, Epstein se suicidou.