Edificada ao lado da antiga e histórica estrada boiadeira, em meados de 1920, a Vila Carvalho é um dos mais antigos povoados de Votuporanga. São cerca de 90 famílias que vivem 8km distante do centro da cidade. Apesar do ambiente harmônico, os moradores convivem, no entanto, com uma série de problemas que perduram ao longo de seus mais de 100 anos de história e mesmo com alguns avanços, parecem distantes da solução.
Um dos exemplos é que, em pleno século 21, o vilarejo sequer possui esgoto tratado. Cada morador é responsável pela construção e manutenção de sua fossa séptica, que em alguns casos acabam transbordando, o que provoca um odor horrível que se espalha por todas as casas.
“A minha mesmo está só com mais um metro de profundidade e tem que ficar esgotando direto. Se eu perder ela e não tiverem resolvido isso ainda não sei o que vou fazer, pois na minha casa não tem espaço mais para furar outra e o mesmo está acontecendo com a maioria do pessoal aí”, contou Wellington Alex da Silva Soares, que é presidente da associação de moradores da Vila Carvalho.
Wellington contou que toda a tubulação já foi feita e que agora falta apenas a conclusão da estação de tratamento que já se arrasta há tempos. “Eles (Prefeitura) falam que já está tudo certo, licitado e que a empresa está construindo lá para trazer pronto e instalar aqui até o fim do ano. A gente quer acreditar que estejam falando a verdade, pois aqui a gente está precisando de mais ação e menos promessas”, completou.
Asfalto
O centenário bairro também não possui asfalto. Segundo o senhor João Fernandes da Silva, a promessa era de que depois que passasse o esgoto viria o asfalto.
“Você vê, é um bairro pertinho de Votuporanga, já era para estar tudo pronto isso aqui. Começaram o esgoto, mas não terminaram até hoje e a conversa é que depois do esgoto vinha o asfalto, mas a gente escuta sempre a mesma coisa em ano de eleição. Os candidatos chegam aqui e dizem que isso aqui vai ser o primeiro trabalho deles, mas aí somem e só voltam depois de quatro anos”, disse.
Comunicação
Dona Cida, como é conhecida a senhora Aparecida Alves dos Santos, disse que os moradores também encontram dificuldade de se comunicar. Segundo ela, prometeram que iriam viabilizar a instalação de uma antena de telefonia móvel, mas até agora a proposta não saiu do papel.
“Não sei de quem é a responsabilidade disso, só sei que prometeram isso para gente faz muito tempo e até hoje nada. Aqui a gente não consegue falar com ninguém pelo celular”, completou.
Transporte
Ir para o trabalho também é outra tarefa complicada para os moradores da Vila Carvalho. Apesar de já ter sido inclusive anunciado, segundo os habitantes do local, o transporte coletivo não passa por lá.
“Quem tem carro ou moto se vira com eles, quem não tem vai de bicicleta, vai a pé, pede carona, porque circular nunca passou não. Esses tempos eu até discuti com o pessoal que disse que tinha ônibus passando aqui, pois se teve nunca parou não”, completou Wellington Alex da Silva Soares.
Vidas
Mas a principal de todas as reivindicações dos moradores está logo na entrada. Sem um trevo de acesso, entrar e sair da Vila Carvalho se tornou uma tarefa perigosa. Quem mora por lá já está cansado de ver acidentes e pessoas perdendo suas vidas ali.
“A gente já cansou de brigar por isso, mas ainda não fizeram nada. Já aconteceram vários acidentes e de tanto ver isso a gente se sente acuado para entrar, pois as vezes tem caminhão colado na traseira de um lado, carro correndo do outro e a gente acaba tendo que jogar o carro de uma vez para entrar”, concluiu Wellington.
Escrituras
Se por um lado os problemas estruturais preocupam, do outro os moradores ganharam estabilidade pela posse de seus imóveis. Por meio da lei, nº 5.801, de 24 de junho de 2016 foram doadas as escrituras de 43 imóveis e o restante, 28, foram doados por meio da publicação da Lei Municipal nº 6.420, de 23 de julho de 2019, sendo as escrituras entregues em 10 de novembro do ano passado.
Outro lado
A Prefeitura foi procurada para comentar sobre as reclamações dos moradores, mas até o fechamento desta edição não houve resposta.