A saga de uma moradora de Maringá, no norte do Paraná, para tentar combater os cupins na casa onde vive dura mais de dez anos. O imóvel é de alvenaria e foi infestado pelos insetos.
Edilaine Vitalino Caparelli contou alguns capítulos da novela que começou em dezembro de 2011. De acordo com ela, as despesas com materiais e novos móveis diante dos estragos causados pelos cupins ultrapassam R$ 40 mil.
“Troquei todas as madeiras que sustentam o telhado de casa. Eles destruíram vários móveis, não sei mais o que fazer”, relatou.
Edilaine afirmou que os cupins surgiram em uma árvore que fica em frente à casa onde mora e, na sequência, atingiram o imóvel.
“Eles entram nos quartos e comeram o berço, as camas e o guarda-roupa. Precisei refazer toda a estrutura de madeira que sustenta o telhado, além da sujeira toda”, relatou.
A dona de casa afirma ter aberto cinco protocolos na Prefeitura de Maringá para a retirada dos insetos e da árvore que, segundo a moradora, está infestada por cupins, mas ainda aguarda uma solução.
Secretaria de Limpeza Urbana (Selurb) informou que, em relação ao protocolo de 2017 que pediu à remoção da árvore da frente da casa de Edilaine, a solicitação está em fase de emissão de parecer técnico e que sobre o pedido de controle de cupins, feito em 2021, houve uma desecupinização realizada.
O município orienta que, além do Portal da Transparência, os contribuintes podem realizar a consulta do protocolo pelo WhatsApp (44) 3261-5531, inclusive com envio de fotos da árvore que caracterizem o pedido.
Cuidados com cupins dentro de casa
Segundo o biólogo e vice-presidente executivo da Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas (Aprag), Sérgio Bocalini, alguns tipos de cupins podem ser considerados pragas urbanas.
Os chamados cupins de madeira seca, explica Bocalini, fazem ninhos e colônias no interior de madeiras e constroem galerias dentro delas.
Os cupins subterrâneos constroem o cupinzeiro geralmente abaixo do solo, em locais úmidos e escuros.
Já as colônias do Cupim Arborícola podem ser enormes e muitas vezes vão do tronco, poste ou parede onde apoiados até o chão.
Esse tipo de cupim pode atacar telhados e estruturas de madeira dos imóveis. As fezes do inseto têm aparência fininha, granulada e seca, tendo o aspecto de serragem, de acordo com o especialista.
Bocalini alerta que, se as colônias não forem detectadas e eliminadas rapidamente, os insetos podem até derrubar paredes dentro de uma residência, por exemplo.
O biólogo explica que a colônia do Cupim Arborícola é menor, chegando a no máximo 10 mil habitantes, enquanto que o cupim subterrâneo pode chegar a 1 milhão de habitantes controlados pelo rei e rainha.
Casa alugada: de quem é a responsabilidade
Renata Mondadori atua no ramo imobiliário e explica que o inquilino sempre será responsável pelos danos provocados por ele ao imóvel, seja falta de manutenção ou uso inadequado.
“A responsabilidade é do locador. A lei diz que o locador responde pelos riscos que estão no imóvel em decorrência da locação. E o locador tem a obrigação de manter esse imóvel em estado de vitalidade”, diz.
Conforme a especialista, o dono do imóvel é responsável por providenciar meios para evitar, diminuir ou eliminar a praga de qualquer espécie que toma conta do imóvel durante o período da locação. Ou seja, a prevenção da praga cabe ao locatário.
Mondadori afirma também que todas as imobiliárias são responsáveis por fazer a vistoria no local antes de alugar o imóvel. Se o foco de cupins já existia no imóvel, a responsabilidade é de quem aluga.
Serviço especializado para fazer a dedetização
O vice-presidente executivo da Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas (Aprag) explica que, para cupins de madeira seca, há venenos disponíveis em lojas especializadas.
Para cupins subterrâneos, ele afirma ser preciso de uma empresa especializada para fazer a dedetização.
“É necessário um profissional para fazer o tratamento, pois cupins subterrâneos criam colônias profundas. As empresas especializadas utilizam equipamentos específicos e produtos que não são acessíveis para pessoas físicas”, explicou.
Dicas para detectar e evitar os cupins:
O biólogo recomenda aos donos imóveis a realização periódica de vistoria para verificar resíduos de terra nos batentes. Veja outras dicas dadas pelo especialista:
ficar atento à aparição do inseto em ambientes úmidos, como banheiros;
evitar infiltrações, que atraem cupins;
verificar as molduras de quadros;
se for recuperar um móvel atingido pelos cupins, é necessário fazer também um tratamento para que o cupim não volte;
manter móveis afastados da parede;
fazer a limpeza frequente de chão, móveis e paredes;
passar verniz nos móveis.