sábado, 23 de novembro de 2024
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Moradora faz ofensas racistas e ameaça atear fogo em apartamentos

Os moradores de um prédio em Santos, no litoral de São Paulo, têm sofrido com ofensas e intimidações feitas por uma vizinha. Ao g1, a filha do síndico, uma das…

Os moradores de um prédio em Santos, no litoral de São Paulo, têm sofrido com ofensas e intimidações feitas por uma vizinha. Ao g1, a filha do síndico, uma das vítimas, contou que há 10 anos todos vivem sob tensão devido a alguns surtos da moradora, que vive com a mãe, uma idosa. Há aproximadamente 20 dias, porém, a situação ficou insustentável, segundo ela, devido aos xingamentos constantes, atos racistas, ameaças de agressões e até de morte.

De acordo com Letícia Fernandes, de 23 anos, a Polícia Militar é acionada sempre que a moradora entra em surto. No vídeo obtido pelo g1, nesta sexta-feira (23), é possível ver e ouvir a mulher ameaçando o pai dela, que é o síndico, e a irmã. Confira alguns trechos do que é dito abaixo:

“Você vai sair daqui nem que seja com a polícia no seu c*, seu malandrinho nojento [se refere ao síndico]. Põe a roupa, não saia sem roupa nos corredores, seu malandrinho nojento, cachorrinho, família de cachorrinhos”.

É possível vê-la gritando para a filha do síndico parar de filmá-la e mandando ela gravar um vídeo para um site de conteúdo pornográfico. “Vou enfiar um cabo de vassoura no c* dela. Está gravando o que, sua putin**? (…) Você é uma delicinha, sua putin** de merd*”.

De acordo com Letícia antes a situação era desagradável, mas contornável porque, de acordo com ela, era algo esporádico. “Acontecia o inferno, mas era dentro do apartamento dela. Aparentemente ela tem problemas psiquiátricos, digo aparentemente porque nunca foi apresentado um laudo para nós moradores”.

A mulher que ofende a família do síndico e outros vizinhos mora apenas com a mãe, que é idosa. A irmã dela está internada em um hospital psiquiátrico. “Ela sempre teve surtos, [mas dessa vez] passou dos limites quando avisou a vizinha que iria comprar gasolina e tacar fogo no apartamento dela”.

Não é possível que ela não apresente risco. Se ela não apresenta, quem apresenta? Minha família não dorme. A gente acha que a qualquer momento a gente vai acordar e o apartamento vai estar pegando fogo”, disse.

Segundo Letícia, a condômina que mora no apartamento abaixo da mulher que apresenta problemas se aposentou e passou a se incomodar com a gritaria. “Como a gente trabalha, não presenciávamos esses surtos durante o dia, então era algo que para gente era esporádico e para a vizinha também. Quando ela se aposentou descobriu que a mulher grita 24h e não tem mais condição”.

Letícia contou que a moradora recém-aposentada foi até a casa da vizinha pedir educadamente para que ela parasse de gritar, mas teria sido ofendida com comentários racistas e chamada de macaca. “Umas coisas horrendas que você escuta e fica até com vontade de vomitar”.

Reunião
No dia 2 de março uma reunião foi realizada com os moradores, a administradora e o advogado do prédio para decidirem o que poderia ser feito para resolver a situação, mas a vizinha e mãe dela não participaram.

O advogado orientou que fosse aberto um processo criminal referente injúria racial contra a vizinha e que a Polícia e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) sejam acionados em caso de novas gritarias.

“Nossa vida virou um inferno”
No dia seguinte à reunião, a vizinha teve um novo surto e a polícia foi acionada, conforme o combinado. “A mãe dela [a idosa] ficou horrorizada. A gente avisou que foi passado tudo na reunião e que ela não estava presente, mas que a partir dali toda vez que tivesse gritaria a gente chamará a polícia. Depois disso a nossa vida virou um inferno”.

“A gente não tem paz. Ela parou de ofender a vizinha debaixo e passou a ofender meu pai, que é o síndico, e minha família de um modo geral. Minha irmã passa bastante tempo em casa porque está desempregada e ela xinga minha irmã o dia inteiro. Começou a depredar nossa porta (…) xinga meu pai do nada”, disse Letícia.

Para Letícia a vizinha está sem limites. “Começaram ameaças diretamente no sentido da vida. Ela grita que vai matar meu pai, que ele tem um mês para sair do prédio, que se não sair vai direto para o necrotério. É realmente assustador. Essa situação está afetando a vida de um bloco inteiro de moradores”.

A filha do síndico disse que as autoridades não estão tomando nenhuma providência para auxiliar na situação. “A gente chama a polícia, faz boletim de ocorrência, eles olham para nossa cara e falam que não podem fazer nada. Falaram que não dá para pedir medida protetiva porque é minha vizinha [compartilham de espaços próximos]”.

“A administradora fala que como o imóvel é próprio não pode obrigá-la a sair. Se fosse inquilino poderia. Não dá para esperar ela matar alguém ou colocar fogo no apartamento”.
Letícia disse que não deseja mal à mulher, apenas quer as autoridades deem atenção ao caso para que ela e, consequentemente, todos os moradores possam ter qualidade de vida.

“Fica nítido que ela tem a necessidade de um tratamento psiquiátrico. Não sei quais são as necessidades dela, as condições financeiras, mas a gente sabe que o sistema público demora, então não sei se ela já chegou a procurar ajuda (…) não quero que ela seja despejada e passe necessidade, [mas] que tenha uma atenção e tratamento”.

O g1 tentou contato com a moradora citada por ameaçar os moradores do prédio, mas não conseguiu o contato dela até a última atualização desta reportagem.

Posicionamentos
Em nota, a Prefeitura de Santos disse que a Secretaria de Saúde verificou com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) sobre um atendimento realizado em 17 de março e que houve recusa da remoção por parte da paciente, com a concordância da família dela.

A administração municipal afirmou, ainda, que a remoção dos pacientes psiquiátricos em surto à revelia só é possível com o apoio da Polícia Militar e concordância da família.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi registrado como ameaça e injúria pelo 2° Distrito Policial de Santos, que investiga os fatos e que a autoridade policial chamou as vítimas e a autora para prestarem depoimento e registrar um Termo Circunstanciado (TC), que será encaminhado para análise da Justiça.

A Polícia Civil esclareceu que, de acordo com a lei 11340/06, a Medida Protetiva é válida somente em casos de violência doméstica e de relações afetas ao lar.

O g1 entrou em contato com a Polícia Militar, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

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