Um vídeo que circula nas redes sociais distribuindo a prevenção e a cura para a Covid-19 ao fazer inalação com uma solução que inclui água sanitária e bicarbonato de sódio. Gravado por um rio-pretense, o conteúdo não tem qualquer embasamento científico – ao contrário, pode até fazer mal.
O vídeo falando que a nebulização “previne e cura” a Covid foi gravado pelo consultor rio-pretense Junior Trevisan. Ele, que é coordenador municipal do partido Democracia Cristã, cita que ficou sabendo do método com o empresário carioca Jorge Esch, que tem divulgado o uso da água sanitária nas suas redes sociais.
Curiosamente, o próprio autor do vídeo afirma que não há nada de científico que sustente a eficácia do “coquetel”, mas que já há pessoas curadas após ingerir a mistura. “Seu pulmão fica protegido, vai ter molécula no seu pulmão que vai matar o vírus”, afirma, enquanto mostra os ingredientes em frente a uma câmera.
Para o virologista da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), Maurício Lacerda Nogueira, o conteúdo pode ser resumido em uma palavra: picaretagem. “Não há base científica nenhuma no vídeo. Zero. Estão sendo gastos bilhões para desenvolverem uma vacina para o vírus e acham que um ’zé da esquina’ vai encontrar”, diz o pesquisador.
A água sanitária é uma mistura de água (98%) com um composto chamado Hipoclorito de Sódio (NaClO), com concentração de 2% a 2,5%. A substância é um forte agente oxidante e com função bactericida.
Uma mistura de água com hipoclorito de sódio vem sendo utilizada para limpar o asfalto de cidades como, por exemplo, Nova Granada, com o objetivo de evitar a transmissão do coronavírus, mas em um contexto totalmente diferente: o contágio por contato com objetos eventualmente contaminados.
A ingestão de água sanitária pode causar diarreia, irritação das mucosas, enjoo e mal-estar e sintomas ainda mais graves em pessoas com organismos debilitados.
Desinformação
Outro ponto é a desinformação. O vídeo não traz qualquer tipo de alerta quanto aos possíveis efeitos colaterais pela ingestão de água sanitária. “Não consegui ver o vídeo inteiro. Quando eu vi, tive vontade de jogar o celular na parede. Já temos o problema da cloroquina e agora isso”, lembra Lacerda.