Desenhos, formas, luzes e água marcaram a noite de inauguração do Monumento ao Esporte da Estância Turística de Santa Fé do Sul. Na segunda-feira (31 de julho) a população santa-fé-sulense prestigiou e admiraram a obra do artista plástico Adélio Sarro. “Deus me deu o dom da arte e, quero agradecer pela oportunidade de deixar uma marca em Santa Fé, além deixar a cidade cada vez mais bonita”, afirmou Sarro.
O prefeito Itamar Borges disse que o monumento é uma homenagem a todos os desportistas e equipes de Santa Fé. “Esporte é saúde, união, amizade, congraçamento.” Itamar também lembrou do professor Moacir Carlos de Almeida (in memoriam), que contribuiu muito no esporte e agradeceu todos os incentivadores, racheiros, times, clubes e atletas de Santa Fé.
A Prefeitura optou pela arte para deixar a cidade mais bonita e também para retratar a sua história. Após o descerramento da placa inaugural, o monumento teve as luzes acesas e a água da fonte ligada. No ato, os presentes ficaram cheios de encantamento e admiração pela beleza da obra.
Além do Monumento ao Esporte, outros três estão com as obras em andamento. Cada monumento terá uma referência. Um aos imigrantes e colonizadores; o outro ao Rio Paraná, à divisa dos Estados e às atividades culturais, turísticas e econômicas; e o terceiro à pesca, ao trabalho, à mulher santa-fé-sulense e ao lazer. Eles estarão em locais estratégicos e passarão a fazer parte dos pontos turísticos da cidade. Os quatro monumentos são do artista plástico Adélio Sarro
O artista
Aos seis anos de idade, Sarro já desenvolvia desenhos. Aos 11 anos, embora com dificuldades, mantinha o sonho de ser artista e exercer seu dom. Com 16 anos foi morar em São Caetano do Sul, grande São Paulo. Trabalhou com pai como servente de pedreiro, posteriormente em uma metalúrgica, até chegar a uma oficina de pintura de propaganda, painéis e placas.
Em outra oficina, Sarro se tornou amigo de um morador de Brodowski (SP) e, em visita a cidade, conheceu o Museu do Portinari, onde descobriu sua verdadeira vocação. “Eu era totalmente desligado de arte. Gostava, mas achava que arte não era um caminho, era propaganda que eu poderia ganhar minha sobrevivência. Quando entrei e olhei as obras, senti uma vibração muito forte. Entrei onde era o ateliê dele e pensei: o que estou fazendo com propaganda? Meu mundo é esse!”.
Sarro retornou a São Paulo decidido a pintar. Suas obras começaram a ser expostas na Praça da República, e lá expôs por 12 anos. Em contato permanente com a arte, começa a desenvolver seu trabalho. Em 1988, Sarro fez sua primeira viajem a Europa e não parou mais.
Sarro se define como um artista autodidata. Não foi formado em ateliês ou gabinetes. Recebeu pouca orientação e teve apenas inspiração e admiração por alguns artistas que o incentivaram na continuidade do seu trabalho. A capacidade que Sarro tem em compor e desenhar é admirável, atraindo a atenção da diretoria de museus e o convite a participar de grandes eventos internacionais.
Com mais de 30 anos de carreira, Sarro não é um artista que expõe apenas em museus e grandes cidades. O tema dele é o povo. Por isso, parafraseando Milton Nascimento, ele diz que o artista deve estar onde o povo está, e mesmo tendo exposto em diversos países, faz questão de não limitar sua arte aos grandes centros. “Todos têm direito à cultura. É muito importante dar cultura as pessoas. Tendo espaço para expor vou a qualquer lugar”.
Estilo
A luz parece surgir de vários pontos como um espectro solar, que penetra nas formas. Linhas e contrastes tonais se entrelaçam, dando ritmo à obra. Mulheres indígenas, mulatas, agricultores, mães com seus filhos, diaristas e vagabundos com mãos fortes e pés cansados, são personagens que retratam a dura batalha de vida que precisam vencer diariamente.
Sarro mantém ao longo de sua vida várias formas de expressar seus sentimentos e os acontecimentos marcantes de sua época, definida pela permanência do elemento popular, humilde e trabalhador, que carrega expressões suaves. “O artista é aquele que cria realidades, fantasias e sonhos. Independente de épocas, cores, técnicas, formas, preconceitos e críticas. O artista sonha e vive esta realidade, pois não passa de um mero criador de ilusões”, afirma Sarro.
Elementos do cubismo misturados ao expressionismo muralista, na sobre posição dos planos, caracterizam a exposição de Sarro. Ele retrata seus personagens com braços, pernas, mãos e pés com dimensões exageradas, cores resplandecentes e vibrantes, em especial o azul.
Expressionismo
É a arte do instinto, uma pintura dramática, subjetiva, expressando sentimentos humanos. Utiliza cores que comove a alma, tocante, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana. Deforma a figura para ressaltar o sentimento. Há uma predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais.
Cubismo
Foi uma revolução estética e técnica, surgiu como movimento de vanguarda. O artista se expressa modificando as cores e deformando as figuras com o instinto de valorizar as paixões humanas, realçando, apenas, o essencial na composição com o emprego de tons fortes e acentuação do grafismo.