domingo, 24 de novembro de 2024
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Modalidade do turismo deixa clientes perdidos “no meio do nada”

A mais nova modalidade de turismo de luxo não tem nada de mordomia. Pelo contrário! Pessoas de alto padrão de vida estão pagando para sair da sua zona de conforto…

A mais nova modalidade de turismo de luxo não tem nada de mordomia. Pelo contrário! Pessoas de alto padrão de vida estão pagando para sair da sua zona de conforto e ficar perdidas em locais isolados, muitas vezes inóspitos. Uma das empresas que organizam esse tipo de viagem é a Black Tomato. Um dos destinos são os Montes Atlas (Marrocos). O guia é um ex-fuzileiro britânico chamado Phil Asher. Ele ensina estratégias de sobrevivência e abandona o cliente “no meio do nada”, nas alturas. O objetivo é voltar à “civilização” em um determinado período de tempo, estipulado pela agência. Barraca e telefone são proibidos.

Os pacotes podem custar até R$ 83 mil. Além das montanhas do Marrocos, os clientes do programa turístico “Perca-se” podem optar por serem deixados sozinhos nas estepes da Mongólia, nas selvas da Costa Rica e nos desertos da Namíbia, entre outros lugares “convidativos”.

O escritor Ed Caesar, de Manchester (Inglaterra), escreveu à “New Yorker” um relato sobre a experiência de ter sido abandonado nos Montes Atlas:

“Tive dois dias para caminhar pelas montanhas até um ponto de encontro a 29 quilômetros de distância. Eu havia enchido minha mochila com tudo que achei que poderia precisar, dentro das diretrizes rígidas estabelecidas por Asher: sem fósforos, sem barraca, sem telefone. Minha mochila continha roupas, mapas de papel, uma bússola, dois G.P.S. rastreadores, pilhas sobressalentes, blocos de notas e canetas, uma grande faca, um saco de dormir, lanternas, equipamento de iluminação de fogo, comida desidratada, alguns lanches ricos em energia, três litros de água, um abrigo contra mosquitos, uma esteira rolante e uma lona . Eu também carregava um velho aparelho Samsung com o cartão SIM removido, para que eu pudesse tirar fotos. Asher calculou que minha bolsa pesava 23 quilos. Eu faria uma caminhada de dois dias, em altitude, com o equivalente a minha filha de seis anos amarrada às minhas costas.”

Há um botão de SOS para o caso de emergência, mas isso é a última coisa que os turistas querem acionar.

Depois de passar por muitas dificuldades, Ed, que nunca foi fã de viagens para acampar, conseguiu cumprir a missão que Asher lhe passara, chegando ao vilarejo de Ichazzoun, onde estava acontecendo um casamento. O escritor acabou convidado e parabenizado por ter completado a missão. Foi quando soube que Asher o acompanhava a uma distância segura, para não ser notado, o tempo todo.

“De repente, eu não queria que a experiência terminasse. Eu diminuí a velocidade, para me deleitar com meus últimos minutos de simplicidade. Eventualmente, eu fiz uma curva e vi Asher empoleirado em uma das escarpas com vista para o vale”, relatou. “Ele disse: Você deveria estar orgulhoso. E eu estava”, completou.

Após o término da expedição, os clientes recebem mimos em um belo hotel antes de voar de volta para casa. Mas, dizem, a vida nunca mais é a mesma. Ed passou duas noites no hotel Dar Ahlam, um oásis no meio do deserto.

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