domingo, 24 de novembro de 2024
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Ministro apresenta dados sobre medicamento com gráfico ‘fake’

O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, afirmou no Twitter, na segunda-feira (19), que um gráfico apresentado pela pasta que mostrava, supostamente, a eficácia de um remédio contra a…

O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, afirmou no Twitter, na segunda-feira (19), que um gráfico apresentado pela pasta que mostrava, supostamente, a eficácia de um remédio contra a Covid-19 era “meramente ilustrativo”.

No mesmo dia, mais cedo, Pontes havia apresentado o gráfico em um evento que anunciava os supostos resultados de um estudo com o medicamento. O ministro disse que a substância havia reduzido a quantidade (carga viral) do novo coronavírus (Sars-CoV-2) no corpo de pacientes infectados, mas não deu detalhes dos resultados nem apresentou a íntegra do estudo.

Além disso, a imagem que ele apresentou ao fazer o anúncio não continha nenhum dado, e era semelhante às disponíveis em um serviço de banco de imagens.

No Twitter, depois do evento, Pontes disse que “obviamente, como facilmente deduzido pelos eixos e pela fala da pesquisadora responsável, o gráfico da apresentação de hoje era meramente ilustrativo”.

“Enquanto isso, se contrairem covid, lembrem-se da conclusão dos estudos apresentada hoje. Isso é o importante”, acrescentou o ministro, em uma série de publicações feitas na rede social às 23h55 (horário de Brasília) de segunda-feira.

Pontes disse, também, que os “gráficos e números da pesquisa serão apresentados depois do artigo publicado”.

As afirmações do ministro na rede social foram feitas depois que a assessoria do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI) já havia informado que “o gráfico usado no vídeo apresentado no evento de anúncio dos resultados dos ensaios clínicos com a nitazoxanida não faz parte dos dados do estudo e aparece apenas de forma ilustrativa”. (Veja íntegra da nota ao final desta reportagem).

Medicamento com receita
A nitazoxanida é um medicamento utilizado no país pelos nomes comerciais Azox e Annita, e faz parte do grupo dos antiparasitários e vermífugos. O remédio também tem ação antiviral e é receitado em casos de rotavírus.

Para evitar automedicação, a droga passou a ser vendida apenas com prescrição médica em abril deste ano. Entretanto, uma decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de 1º de setembro retirou a exigência de retenção da receita.

O medicamento contendo nitazoxanida, disponibilizado comercialmente, não tem a indicação para o coronavírus, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Veja íntegra da nota do MCTI:
“O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) esclarece que o gráfico usado no vídeo apresentado no evento de anúncio dos resultados dos ensaios clínicos com a nitazoxanida não faz parte dos dados do estudo e aparece apenas de forma ilustrativa.

O resultado qualitativo apresentado hoje é, obviamente, baseado em dados e estudos completos de posse dos pesquisadores responsáveis.

No momento, o MCTI e os coordenadores do estudo não podem divulgar ainda os números e cálculos do estudo para preservar seu ineditismo, já que ele foi submetido a uma revista internacional, o que limita a publicação.

Entretanto, a Covid-19 continua a avançar no Brasil e, no papel de médicos e cientistas, foi feita a decisão de não omitir o resultado qualitativo de um estudo de extrema importância, que pode ajudar a salvar vidas enquanto aguardamos a vacina.

Depois da publicação do artigo científico, faremos uma apresentação técnica para os interessados, mostrando todos os números, cálculos, equações, métodos etc.”

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