O Ministério Público (MP) denunciou e pediu a cassação do mandato do vice-prefeito de São José do Rio Preto, Fábio Marcondes (PL), por injúria racial. O crime, que teria ocorrido em fevereiro de 2025, em Mirassol, envolveu a agressão verbal a um segurança do clube de futebol Palmeiras.
Versões Conflitantes e Uso de Inteligência Artificial
A denúncia do promotor de Mirassol, José Sílvio Codogno, se baseia em um vídeo gravado pela TV TEM que registrou a discussão. Na gravação, é possível ouvir Marcondes chamando o segurança de “lixo” e, em seguida, a palavra “macaco”, conforme testemunhas.
A investigação contou com laudos técnicos divergentes. Enquanto uma perícia privada solicitada pelo Palmeiras apontou que o vice-prefeito pronunciou a palavra “macaco”, dois laudos oficiais do Instituto de Criminalística indicaram que a frase dita por Marcondes foi “paca véa”.
O delegado Renato Camacho, que concluiu o inquérito, utilizou um mecanismo de inteligência artificial para analisar o áudio. O sistema de IA indicou que, foneticamente, as palavras “são de gênero masculino” e que a discussão continha termos racistas.
Pedido de Cassação e Defesa
A denúncia do MP pede a condenação de Marcondes, a perda de seu mandato e uma multa de, no mínimo, 50 salários mínimos. Atualmente, além de vice-prefeito, ele ocupa o cargo de secretário de Obras de Rio Preto. O promotor, em sua denúncia, enfatizou que a injúria racial é um crime de “altíssima gravidade”.
O advogado de defesa de Fábio Marcondes, Edlênio Xavier, criticou a decisão do MP, afirmando que a denúncia “ignora o laudo oficial” e acolhe relatórios de inteligência artificial. “Estamos vivendo tempos estranhos… e não há exemplo mais eloquente do que esta denúncia”, declarou o advogado.
Em meio à investigação, Marcondes se afastou do cargo de vice-prefeito por três vezes e chegou a pedir exoneração da secretaria, mas reassumiu o posto em maio. O inquérito policial foi concluído, e o caso agora segue para a Justiça.
