Trechos do rio Tietê, no interior de SP, têm apresentado água com uma coloração verde e matado várias espécies de peixes nas últimas semanas. A situação já foi relatada por pescadores da região de Araçatuba (SP) em 2019, voltou a se repetir em março deste ano e volta a acontecer agora, acompanhado da falta de chuvas que já dura mais de quatro meses na região.
O fenômeno registrado é uma proliferação de microalgas que pode ter sido provocado pela poluição da região. Isso também pode afetar diretamente no cotidiano de quem mora nas cidades, já que muitas pessoas consomem a água coletada do Tietê em Araçatuba, por exemplo.
“No começo, os pescadores pensavam que o pessoal que navega pela hidrovia Tietê-Paraná tinha jogado algum produto para matar as algas que estavam parando as embarcações na água, mas depois vimos que se tratam de algas que chegam pelos navios e que a poluição também contribuiu para que a água ficasse esverdeada”, conta serralheiro e pescador Vicente Laguardias Benacett.
“Essa alga está tomando uma grande parte dos rios e tem muitos peixes mortos, inclusive no fundo do rio. Não é só na margem. Antes a gente via cardumes de 400, 500 peixes passando durante os mergulhos, agora não dá para ver mais nada”, completou.
A reportagem recebeu várias fotos de dezenas de peixes mortos às margens do rio. A água também foi fotografada muito esverdeada, assim como aconteceu no começo do ano.
VÁRIOS FATORES
Para a ecóloga Adriana de Castro Silva, formada pela Unesp de Rio Claro, vários fatores contribuem para esse problema, mas nenhum deles é 100% conclusivo.
“É preciso coletar amostras, fazer pesquisas para definir exatamente o que está acontecendo. São tantos fatores que podem influenciar nisso que não existe uma situação pontual. O clima, já que não chove, causa um estresse hídrico, altas temperaturas, queimadas, vento, tudo que acontece no entorno da bacia, reflete no regime hidrológico dela”.
Em março, quando fenômeno idêntico ocorreu no Tietê, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) recomendou que os moradores evitem esses trechos e que não consumam, inclusive os pescados oferecidos no rio neste momento. A Companhia acredita que isso vem acontecendo com frequência por causa de poluição e fertilizantes, utilizados na agricultura.