A metodologia utilizada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística durante a realização do Censo 2007 e os resultados parciais divulgados até agora, descontentaram vários municípios cujos prefeitos afirmam que serão prejudicados pela redução populacional verificada na maioria das cidades da região.
A contestação sobre a metodologia usada pelo IBGE está relacionada ao fato de que o órgão não conta pessoas que trabalhem no município e residam em outro. Para o IBGE, pessoas que permaneçam numa cidade durante os dias da semana e visitam familiares aos finais de semana, não podem ser contadas como integrantes da população onde trabalham, apesar de “morarem” na cidade durante cinco dias e “visitarem” suas casas apenas aos finais de semana. No entendimento de vários administradores, essa metodologia provoca distorções, uma vez que a cidade onde esses trabalhadores estão oferece infra-estrutura que atende às necessidades desses moradores, muitas vezes aumentando os investimentos no setor social, de saúde pública, entre outras, e, no entanto, eles não são “contados” como integrantes da população desse município, o que já acarreta distorções. Outro problema detectado pelo DIÁRIO, é a possibilidade de que alguns recenseadores, ao realizar a entrevista e perguntarem quantos moradores existem numa determinada residência, não aprofundem a pesquisa para saber se existem integrantes da família que estão em outro município. Ao menos dois casos foram confirmados pelo DIÁRIO, com uma profissional que atua e mora em Ilha Solteira durante os dias da semana, e que passa os finais de semana com os pais. A profissional em questão, afirmou que não foi recenseada nem em Ilha Solteira, onde permanece por cinco dias, nem em Pereira Barreto, onde visita os pais. Na residência destes, o DIÁRIO confirmou que o agente recenseador não perguntou se havia alguém da família residindo em outro município.
Com isso, existe a possibilidade de que os números divulgados pelo IBGE não refletirem a realidade populacional de vários municípios. Em Pereira Barreto, os dados apontam para uma redução que preocupou lideranças políticas, e que vai provocar a redução dos valores repassados pelo FPM – Fundo de Participação dos Municípios.
Em 2000, Pereira Barreto contava com um total de 25.028 habitantes. Este ano, o Censo contou 24.208, uma redução de quase mil moradores.
O IBGE divulgou ainda que visitou em Pereira Barreto 10.074 Unidades somadas as Áreas Urbana e Rural, onde foram detectados 7.533 domicílios ocupados com moradores e 434 Estabelecimentos Agropecuários. A entidade explicou que a diferença entre Unidades Visitadas e domicílios com moradores se dá porque é considerada unidade visitada todo o local que tenha algo construído, mesmo sem habitação. “Um terreno que tenha apenas o alicerce é considerado como Unidade Visitada. Um sítio com três casas, mas apenas uma é ocupada, as três são consideradas Unidades Visitadas”, explicou Fábio Cezar de Assis, do IBGE em Pereira Barreto. Ainda assim, o número divulgado pelo IBGE é divergente se comparado com outros Órgãos de Controle no Município.
A Elektro – empresa responsável pela distribuição de energia elétrica no município – informou que em Pereira Barreto existem 9035 moradias com instalações elétricas, inclusas nesse número a área urbana, rural e o comércio local. A Prefeitura Municipal divulgou que em 2007 foram distribuídos aproximadamente 11 mil carnês de IPTU – Imposto Predial, Territorial e Urbano – nesse número incluso terrenos baldios, residências e comércio.
O SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto – autarquia responsável pela distribuição de Água na cidade informou que, no total Pereira Barreto tem aproximadamente 8 mil hidrômetros instalados, incluindo residências, comércios e terrenos que tenham distribuição de água.
Esses dados não servem para contestar, por si só, o recenseamento do IBGE, mas as autoridades devem contestar os dados do órgão, levando em consideração o prejuízo que os municípios podem sofrer com os números divulgados.
Em Pereira Barreto, a Prefeitura e a Câmara Municipal terão 20 dias para contestar a pesquisa do Censo.
A Comissão Censitária Municipal deverá ser reunir nos próximos dias para receber esses dados e analisar o fechamento do Censo 2007.