A indústria precisa de técnicos e absorve todos aqueles que têm uma boa formação, diz o gerente de Olimpíadas e Concursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), José Luis Leitão. “Faltam profissionais no mercado. Temos um déficit em todas as áreas tecnológicas. Se tem qualificação, tem emprego”, acrescenta.
O Senai é o organizador da Olimpíada do Conhecimento, que está em sua oitava edição e ocorre em Belo Horizonte. O torneio testa as habilidades técnicas e pessoais de jovens com até 21 anos que fizeram ou estão concluindo cursos técnicos ou de aprendizagem profissional do Senai, do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e institutos federais de Tecnologia. Participam mais de 700 competidores.
“Nenhum dos que estão aqui está desempregado. Eles serão contratados, quer queiram quer não. Chegam a um nível em que a absorção é muito grande”, diz Leitão.
O confeiteiro Renan Moreira é um exemplo disso. Formado no curso técnico, mas ainda cursando o ensino médio, garantiu uma vaga em uma confeitaria quando venceu a etapa estadual no Ceará. Ele é de Fortaleza. “As olimpíadas ajudam bastante. O profissional é mais visto”. Moreira é filho de confeiteiro e, desde cedo, teve estímulo para seguir os passos do pai.
Os cursos técnicos cresceram no país nos últimos anos, mas chegam a apenas 7% dos jovens entre 15 e 19 anos, segundo o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi. Pelo Plano Nacional de Educação, que deverá ser cumprido nos próximos dez anos, o país terá que triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio.
O técnico em segurança do trabalho Maick Bezerra, de Três Lagoas (MS), explica que a profissão que escolheu é indispensável a qualquer ambiente de trabalho. “É ele que avalia os riscos no ambiente de trabalho, a segurança dos equipamentos utilizados, os riscos de doenças ocupacionais. Além de conversar com os funcionários, é preciso dar palestras”, lembra.
Na olimpíada, Bezerra terá que desenvolver um pouco de todas essas atividades. “O diferencial é como você se porta, a segurança nas apresentações, o embasamento legal que utiliza”. Todas essas características são requisitos no mercado. Ele diz que o curso garante boa remuneração, mas é preciso não parar na formação técnica e buscar especializações que ajudem na atividade. Lembra ainda que a competição é uma vitrine.
A técnica em joalheria Maryane Ribeiro, do Rio de Janeiro, também acredita que a competição conta pontos no currículo. Ela se prepara desde agosto do ano passado para participar. “Eu costumo me esforçar muito, sou comprometida”, diz sobre o diferencial que a trouxe para a etapa nacional. Na prova dessa quarta-feira (3), Maryane recebeu um desenho e teve que, com os materiais dados, executá-lo.
O avaliador da competição de soldagem, Rafael Wenderson, diz que é preciso dedicação e estudo de quem quer participar da olimpíada,. “Tudo que eu tenho hoje é por causa das olimpíadas”, diz ele, que foi ouro na etapa nacional e prata no torneio mundial, WorldSkills, na Alemanha, em 2013. “Quando o competidor chega se achando, eu já brigo. O medalhista tem que ser uma pessoa de que os outros gostem, uma pessoa que até ajuda a ensinar”.