O grande número de moradores de rua tem incomodado muita gente que transita diariamente pela praça Doutor Fernando Costa, a “praça da Matriz”, região central de Votuporanga, principalmente os freqüentadores da igreja Nossa Senhora Aparecida.
Nos últimos dias, até o padre da paróquia chegou a ser agredido verbalmente e ameaçado. Reuniões já foram realizadas entre vários setores da sociedade para tratar do assunto, e algumas medidas chegaram a ser tomadas, mas não surtiram efeito e gerou um impasse nas lideranças que não entram em consenso sobre a solução para o problema.
Segundo o padre Gilmar Margotto, a situação da praça é de abandono. Moradores de rua tomam os bancos, dormem, ingerem bebidas alcoólicas e pedem esmolas, principalmente para os fiéis da igreja. A situação incomoda e na última semana, o pároco chegou a ser ameaçado e xingado por um grupo de pessoas que impediam que freqüentadores entrassem na igreja, durante uma novena.
“A situação vem se agravando e eles (moradores de rua) estão articulados. Numa quarta-feira, às 15h, dia de missa e novena, quando não havia viatura da Polícia Militar pela praça, e eles percebem que não tínhamos aquela força para poder controlá-los, vieram, se posicionaram na frente da porta. Disseram que era o lugar deles, que não tinham outro lugar para ficar e que havia outras portas para os fiéis entrarem. E isso causou um transtorno porque eu precisava começar a missa e eles faziam muito barulho. Quando fui abrir a porta, me xingaram com palavras muito fortes. Ele impõem o jeito de ser deles”, contou o padre, que chegou a ser ameaçado.
Segundo o padre, após reuniões entre vários setores competentes, o problema foi temporariamente resolvido, mas depois, tudo voltou ao normal. Ainda de acordo com o religioso, a situação da praça da Matriz é de abandono. “Precisa primeiro de boa vontade. Temos que nos articular e nos organizar. Igreja, polícia, Secretaria de Assistência Social, Secretaria de Saúde, Secretaria de Direitos Humanos e Secretaria da Cidade. Nós somos em muitos, mas parece que falta boa vontade. Combinamos tudo na reunião, duas ou três semana depois, o projeto fracassa”, disse padre Gilmar.
Apesar da situação, o pároco da Igreja Nossa Senhora Aparecida não chegou a registrar boletim de ocorrência na Polícia Civil sobre as ofensas de que foi alvo.
Segundo informação da coordenadora do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) de Votuporanga, Iara Rufato, a população de moradores de rua no município é de aproximadamente 70 pessoas.
Porém, esse número não tem aumentado nos últimos anos. Ou seja, de acordo com a coordenadora, não há mais moradores de rua atualmente, do que existia anos atrás, mas o problema se tornou mais visível à sociedade.