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Ataque negacionista
Médicos de Rio Preto e região que fizeram de suas redes sociais uma trincheira na guerra contra a Covid-19 vivem verdadeiros embates com negacionistas ou grupos insatisfeitos com medidas de contenção do vírus que chegam. Há casos extremos de agressão verbal e ofensas aos profissionais. Alguns desistiram de tentar orientar a população, tamanho o desgaste sofrido.
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Cansou
Jorge Luiz Valiatti, médico-chefe da UTI do Hospital Padre Albino, de Catanduva, perdeu a paciência nesta quarta-feira (1º). “Aos terraplanistas, aos insensíveis que não respeitam os mortos e todos os esforços dos profissionais da saúde e de todos que dão suporte à pandemia, peço um favor, saiam das minhas redes sociais. Não temos nada em comum”, postou em seu perfil no Facebook.
’Me esqueçam’
A falta de compaixão, segundo Valiatti, “é algo intolerável, doentio, que traduz psicopatia”. “E não sou psiquiatra, procurem ajuda, mas me esqueçam”, completou ele.
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Até tentou…
Diretora-executiva do Hospital de Base de Rio Preto, a médica Amália Tieco já chegou, num longo exercício de paciência, “argumentar” com os autores de comentários negacionistas em suas postagens. Numa delas, deu uma aula de medicina a um empresário da cidade, mas não o convenceu. Decidiu mudar de postura e ignorar o que acha que não vale a pena responder.
’Só resta lamentar’
“Moisés subiu à montanha e Deus disse: não matarás, não roubarás, não adulterarás. E nem todas as pessoas seguiram essas regras. Seria muita pretensão dos médicos achar que as pessoas iam seguir o pedido para usar máscaras e manter o isolamento social, né? Estou na fase de lamentar, depois de muito brigar”, diz ela.
Impressionado
Um dos maiores virologistas do Brasil, o pesquisador da Famerp Maurício Nogueira também tem voz ativa nas redes sociais e persevera na tentativa de informar. Mas diz que ainda se impressiona com “o grau de negação da realidade que estes seres vivem”.
Mudou o foco
Dono da Faceres (faculdade de medicina), o médico Toufic Anbar Neto adotou uma postura didática em seu perfil no início da pandemia, buscando explicar sobre o avanço do vírus e os riscos da doença até que uma vacina fosse descoberta. Mas chegou a ser ofendido em mensagens privadas. Isso o levou a mudar o foco. “E refleti isso nos meus artigos, inclusive. Hoje, só tenho escrito textos para motivar as pessoas. Nunca mais teve briga”, diz ele.
Filtro
O médico sanitarista e professor da Famerp Cacau Lopes, que assumiu uma posição mais crítica às políticas de enfrentamento à doença, acabou obrigado a criar outro perfil ao ter o seu denunciado. E decidiu filtrar seus novos “amigos” na rede, avisando que não aceita “negacionistas” da doença.
Hospital de campanha
O crescimento acelerado internações por Covid-19 levou a Secretaria de Saúde de Rio Preto a retomar o projeto de um hospital de campanha, que tinha sido descartado. Representantes da pasta fizeram uma consulta prévia ao médico Toufic Anbar Neto, dono da Faceres, que mantém um centro-escola no complexo de saúde do bairro Santo Antônio, zona norte, onde funcionam também uma UPA e uma UBS. É no local que o município planeja instalar o serviço, que seria destinado a internações de pacientes com quadro menos grave. As conversações devem ser retomadas nesta sexta-feira (3).
Recorde de internações
Nesta quinta-feira (2), Rio Preto chegou a 258 doentes hospitalizados, recorde na cidade. Destes, 172 estão na enfermaria e 82 na UTI. A Santa Casa, um dos hospitais referência para o SUS em Rio Preto, registrou seu maior índice de ocupação de leitos, com 90% na enfermaria e 80% na UTI.
Região em alta também
O Hospital de Base, também referência para o município, mas que atende outras 106 cidades da região, já rompeu a barreira dos 50% de ocupação de leitos nas três UTIs exclusivas para pacientes Covid-19, embora ainda tenha certa folga na enfermaria. Rio Preto chegou a anunciar nesta quinta a parceria para criação de 18 vagas em enfermaria no Hospital de Jaci, do padre Nélio. Mas, tudo indica, ainda teme um colapso nos serviços, dada a aceleração de novos casos.
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