Uma bateria de testes realizados no Instituto de Moléstias Cardiovasculares (IMC), de Rio Preto, comprova que uniformes voltados para atletas ou praticantes de atividades físicas de alto impacto podem ter seu desempenho melhorado, com a ajuda de roupas desenvolvidas com nanotecnologia.
A pesquisa é desenvolvida pelo fisiologista Nilton Boer, doutorando da Faculdade de Medicina e Odontologia de Fernandópolis (UniCastelo), sob a orientação de pesquisadores do Parque Tecnológico de São José dos Campos. Ele fez uma roupa que, impregnada com nanocerâmica, melhora o rendimento de pessoas em atividade física.
Foi constatado que os trajes com biocerâmica deram um “upgrade” na aptidão física cardiorrespiratória dos alunos nos testes de ergoespirometria. A vestimenta também fez com que o consumo de oxigênio e sua distribuição e transformação em energia pelas células tivessem aumentos reais.
Além disso, os atletas em uso da roupa especial apresentaram diminuição da fadiga muscular – cansaço físico devido ao acúmulo do ácido lático. O trabalho foi testado por duas semanas e a conclusão da supervisora e cardiologista Adriana Bellini, especialista em cardiologia do exercício, do IMC, ao avaliar os doze estudantes de medicina e odontologia submetidos a testes de potência aeróbica com a utilização da roupa especial, composta de meias, bermuda e camiseta, foi surpreendente.
A roupa funciona mesmo. A avaliação foi feita através de um estudo duplo-cego – cada membro do grupo realizou os testes por duas vezes sem saber que tipo de roupa utilizava. “Participar deste trabalho testificou mais uma vez a tendência do IMC para pesquisa, colaborando com os estudos de tecnologias que serão empregadas na saúde da população. Neste caso, nos juntamos a um centro esportivo que irá não apenas levar o uso deste novo tecido para os atletas, mas para várias implicações no tratamento de dores e lesões”, afirma a cardiologista.
Como funciona a biocerâmica
Segundo o fisiologista Nilton Boer, de Fernandó-polis, a roupa de biocerâ-mica serve como um isolante do calor emitido pelo corpo. As hipóteses são de que a nanocerâmica absorva este calor e depois o reflita. Ou seja, ela gera uma nova fonte de radiação estimulada pelo calor. Impregnadas ao tecido, as nanocerâmicas emitem uma radiação no infravermelho longo, o que faz com as células do corpo absorvam esta radiação e, consequentemente, aumentem o metabolismo celular (reações químicas).
A consequência disso são vários efeitos benéficos, tais como ação anti-inflamatória, efeito analgésico (diminuição da dor), vasodilatação, que promove diminuição do inchaço (edema), entre outros. A pesquisa, que terá continuidade, deverá fornecer dados importantes para a área da cardiologia e dos esportes. Além disso, os trabalhos vão ajudar a verificar a influência da biocerâmica no sistema cardiovascular e, também, na performance atlética por meio da análise sanguínea.
“Qualquer pessoa pode utilizar a roupa com biocerâmica, porém, em pessoas sedentárias, pouco ativas e obesas, os efeitos irão demorar um pouco mais para aparecer. A grande vantagem fica reservada para os atletas, que poderão ter aumentos significativos em seus rendimentos nas áreas esportivas”, afirma Boer.