Existe uma ideia errada de que os medicamentos psiquiátricos causam dependência. Muitas pessoas têm, inclusive, medo em serem medicadas pelo receio de ficarem dependentes. De maneira geral, se o remédio for usado de forma adequada e dentro das dosagens normais, não há nenhum risco de dependência.
Precisamos, entretanto, abordar algumas classes de medicamentos usados na psiquiatria, como alguns indutores de sono e ansiolíticos, que se forem usados inadequadamente e por tempo muito prolongado podem induzir algumas pessoas a uma dependência psicológica ou um hábito de utilizar o medicamento – o que é muito mais frequente que propriamente uma dependência química.
Quais são os sinais de dependência por um medicamento?
Os sinais de dependência clássica são conhecidos como Síndrome de Abstinência, que são uma série de sintomas físicos e psíquicos que produzem enorme mal-estar, angústia, inquietude, taquicardia, sudorese, alteração de temperatura, vertigens, cólicas intestinais, entre outros.
Isto também ocorre com outros medicamentos usados na medicina, que uma vez iniciados não podem ser suspendidos abruptamente. O que se faz é uma “descontinuação” progressiva para que o organismo se adapte.
Como já falamos anteriormente, as classes de medicamentos que podem oferecer risco se usados inadequadamente – faço novamente o reforço – são os ansiolíticos benzodiazepínicos, vulgarmente chamados de calmantes, e os indutores de sono benzodiazepínicos. Também temos alguma preocupação com medicações para Transtorno de Atenção, e que tem sido usadas indevidamente por estudantes que querem ter maior “poder” de aprendizado e, ainda, por pessoas com finalidade de emagrecer. Estes medicamentos usados dessa maneira oferecem um perigo enorme à saúde!
Quais os sinais de dependência ou uso incorreto dos medicamentos?
Geralmente quando um paciente está tomando doses excessivas do medicamento, excedendo ao que foi prescrito, pode-se perceber algum distúrbio em seu comportamento, que apesar de variáveis podem incluir:
– sonolência excessiva; falta de ânimo, prostração; irritabilidade; alteração dos hábitos alimentares; algumas alterações físicas como tremores, tonturas e alterações na maneira de andar
Se notar que alguém do seu convívio apresenta alguns destes sinais, deve antes de julgar ou acusar, tentar uma conversa que leve à compreensão. Será que ele está abusando nos remédios porque a ansiedade ou angústia não passam? Neste caso é necessário fazer uma revisão de tratamento e até de diagnóstico. Será que ele exagera nos remédios de dormir por outros motivos? Se o paciente for levado a compreender que o movimento é de ajuda e não de crítica, aceitará o auxílio com mais facilidade.
Em casos assim, a primeira postura do médico é fazer uma revisão muito criteriosa de todo o quadro apresentado pelo paciente. Após essa revisão, que inclui diversos exames, propor uma terapêutica adequada e não raro a “dessensibilização” ao medicamento, ou a sua retirada gradual de maneira adequada.