Um vídeo que tem circulado pelas redes sociais nesta quinta-feira (11) mostra a médica Letícia Bertoloni, ré por ter atropelado e matado o verdureiro Francisco Lúcio Maia, em abril de 2018, dizendo que é “tratada diferente”, negativamente, por ser “médica e rica”.
“Eu tenho muitas pessoas que me amam, que gostam de mim, que sabem o quanto eu sofro com isso tudo […]. Sabem que o meu caso é diferente porque eu sou médica, principalmente porque eu sou médica, porque eu sou rica, porque eu tenho dinheiro”, diz.
A médica continua: “Existe uma briga, uma guerra de rico e pobre nesse país, que parece que quando pode pegar um rico e colocar na cadeia, todo mundo fica feliz”. Nesse momento, existe um corte e o vídeo termina.
O g1 não conseguiu contato com a médica e o advogado que a representa, Gevani Santin, disse não ter conhecimento sobre o vídeo.
O perfil da médica no Instagram é fechado para quem não a segue e o vídeo parece ter sido capturado por algum seguidor, que escreveu em cima das imagens “Médica que atropelou verdureiro diz que ser rica prejudicou julgamento : a gente é tratado diferente”. Atrás da mensagem, é possível ler “se você forma opinião com base na mídia, tome cuidado” — aparentemente da gravação original feita por Letícia.
Na segunda-feira (8), a Justiça de Mato Grosso determinou que a médica vá a júri popular pelo crime, que aconteceu em abril de 2018, na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá.
Francisco, de 48 anos, tentava subir com o carrinho de verduras na calçada, quando foi atingido pelo carro da médica, que, segundo o Ministério Público, estava embriagada e dirigia em alta velocidade. Ele morreu no local e a ré fugiu sem prestar socorro.
“Conduzindo veículo automocor com capacidade psicomotora alterada em razão de influência de álcool, em velocidade incompatível com o limite permitido para a via, assim como assumindo o risco de produzir resultado, matou a vítima Francisco Lucio Maia”, diz o processo.
Conforme a decisão da Justiça, houve provas e indícios suficientes da autoria do crime. A médica respde por homicídio qualificado com emprego de meio que possa resultar perigo comum, além de omissão de socorro, se afastado do local para fugir à responsabilidade e dirigir embriagada.
O advogado Giovane Santin, ao g1, disse que o processo seguiu o caminho natural dele e que está recorrendo da sentença.