quarta, 8 de janeiro de 2025
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Médica picada por cobra tem 70% das vias aéreas comprometidas

A médica Dieynne Saugo passou pelo procedimento de traqueostomia (pequena abertura na traqueia), na tarde dessa terça-feira (1°), para desobstruir as vias aéreas que estavam comprometidas em 70%. Ela está…

A médica Dieynne Saugo passou pelo procedimento de traqueostomia (pequena abertura na traqueia), na tarde dessa terça-feira (1°), para desobstruir as vias aéreas que estavam comprometidas em 70%. Ela está internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde domingo (31) após ter sido picada por uma cobra jararaca durante um banho na Cachoeira Serra Azul, em Nobres, a 151 km de Cuiabá (MT).

O médico coordenador do Centro Antiveneno de Mato Grosso (Ciave), José Antônio de Figueiredo, explicou ao G1 que Dieynne teve picadas no rosto e no pescoço. Segundo ele, as vias aéreas ficaram comprometidas devido ao inchaço nessas regiões, o que acabou prejudicando a respiração da paciente.

“É como se tivesse uma reação alérgica. Não significa que o veneno cause alteração nesse sentido, mas causa o inchaço que, na região do pescoço, pode comprometer veias importantes. O caso dela é bem diferente devido ao local da picada. Na maioria das vezes, as picadas são no pé, tornozelo e perna, seguido de mão e braço”, explicou.

De acordo com a família de Dieynne, o médico deu duas opções para tentar melhorar a respiração da paciente. Uma era a traqueostomia e a outra a entubação. A traqueostomia é um procedimento cirúrgico que consiste em uma abertura feita na traqueia, com inserção de um tubo, que permite a passagem do ar. Na entubação, um tubo é colocado dentro da traqueia, que permite o uso de ventilação mecânica.

“Como a entubação teria um risco muito alto dela desenvolver pneumonia (que não é nada bom nesse momento), optamos pela traquio, por uma questão de precaução, para não ter que acabar tendo que fazer algum procedimento com urgência”, explicou a família em um comunicado.

Após a cirurgia, a médica voltou a ser internada na UTI e está em observação.

José Antônio afirmou que o caso de Dieynne é considerado grave. Ela chegou ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) vomitando sangue e com edemas.

O local em que ocorreu o incidente fica a mais de 150 km do hospital. Foram cerca de 3 horas até chegar a unidade de saúde para a aplicação do soro.

“Nesse período já começam as alterações, como dor, inchaço e a diminuição na coagulação. Não tem como diminuir os edemas, mas, após a aplicação do soro, as alterações começam a ser controladas”, disse.

O incidente
Dieynne fazia um passeio em um dos pontos turísticos de Nobres quando ocorreu o incidente. A cobra despencou com a queda d’água da cachoeira e atingiu a médica que estava logo abaixo.

Um vídeo gravado no momento do acidente mostra a médica pedindo socorro (veja acima).

Conforme o comunicado da família, Dieynne foi picada duas vezes, e os locais feridos estão inchados.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado e encontrou a família a caminho do hospital. Ela foi encaminhada ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) para receber o soro e depois foi transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular da capital.

A pousada
Em nota, o Parque Sesc Serra Azul, responsável pela atração turística, informou que a equipe de saúde da pousada foi chamada imediatamente, deu todas as orientações e está acompanhando o caso desde então. Além disso, uma enfermeira e um médico do Sesc Pantanal acompanham o caso desde domingo.

Alguns internautas criticaram a falta do soro antiofídico na própria pousada para atender esses incidentes.

No entanto, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) informou, em nota, que não tem conhecimento de legislação que obriga pousadas e resort próximos à Área de Preservação Ambiental (APA) a disponibilizarem soro antiofídico em caso de incidente com picadas de animais peçonhentos.

“Os soros antivenenos são disponíveis somente em unidades hospitalares com retaguarda para possíveis complicações, pois a aplicação do composto tem que ser feita com supervisão médica”, explica.
O Parque disse que, desde o funcionamento, em dezembro de 2011, quando a unidade foi aberta ao público, esta é a primeira vez que acontece um acidente desta natureza.

O Sesc Serra Azul é um parque ambiental em fase inicial de implantação voltado para os segmentos de ecoturismo e turismo de aventura.

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