O rosto dos profissionais de saúde já era de conhecimento da doutora Angelita Habr-Gama há muitos anos. No entanto, a Covid-19 fez com que os papéis se invertessem: a médica de 88 anos tornou-se paciente.
Angelita foi ao Hospital Oswaldo Cruz no dia 18 de março, três dias após ela começar a sentir dor no corpo e febre. Ela havia acabado de chegar de uma viagem a Jerusalém quando teve os sintomas. Na época, o estado de São Paulo contabilizava 240 casos da doença e três mortes.
Parte do grupo de risco da doença, Angelita foi diagnosticada com a Covid-19 no hospital em que trabalha há 56 anos. Os médicos constataram que ela estava com os pulmões bastante comprometidos e a encaminharam para a UTI, onde a doutora ficou 50 dias entubada. Ela venceu a batalha contra o vírus. “Eu sou uma pessoa muito alegre, gosto da vida e não estava preparada ainda pra morrer”, conta.
Além de vencedora na luta contra o coronavírus, a doutora Angelita possui um vasto currículo. Ela é considerada uma das mais brilhantes cirurgiãs do país, sendo referência na área da medicina que cuida do sistema gastrointestinal. Angelita também foi a primeira médica a conseguir uma vaga de professora titular em cirurgia na Universidade de São Paulo.
Totalmente recuperada, a médica agora ajuda outros pacientes. “Operei vários doentes depois que eu tive alta”, relata. A doutora promete ainda ir longe em sua trajetória, que já é de muito sucesso. “Se eu chegar aos cem eu vou achar muito bom”, diz, aos risos.