A médica veterinária Cintya Castro de Abreu, de 32 anos, que foi curada de um tumor no estômago em abril do ano passado, morreu nessa quinta-feira (9), em Nova Mutum, a 269 km de Cuiabá, após descobrir um novo câncer no estômago e no fígado. Ela foi internada no dia 17 de janeiro e exames apontaram a volta da doença. Nessa quarta-feira (8), a profissional recebeu alta, mas passou mal no dia seguinte e sofreu uma parada cardíaca.
Cinthya foi diagnosticada com câncer, pela primera vez, no dia 27 de agosto do ano passado, e mobilizou as redes sociais com uma campanha para custear o tratamento. Oito meses depois, ela recebeu a notícia de que estava curada.
O pai dela, Cireno Castro, contou ao g1 que a filha estava bem e seguia a vida normalmente. A profissional chegou a retornar para a profissão e sonhava em continuar os estudos para alcançar o “patamar mais alto da medicina”.
“A volta [do câncer] surpreendeu a todos, foi tudo muito rápido. Na época da cura, os médicos fizeram até mapeamento genético e não havia mais vestígios da doença. Ela tinha recuperado o peso, comemorou o aniversário com uma ação de graças na igreja, estava feliz, cuidando das coisinhas dela e, de repente, passou mal e descobrimos que a doença já estava em estágio muito avançado. Ficamos arrasados”, contou.
Segundo Cicero, a filha contraiu uma infecção hospitalar e precisou tomar antibióticos fortes, os quais os médicos avisaram que ela poderia não aguentar devido ao estágio da doença. “E foi o que aconteceu, ela não resistiu. Ela teve uma parada e os médicos tentaram reanimá-la por 40 minutos, mas não teve jeito”.
Para o pai, Cintya foi exemplo de superação e deixou um legado de fé e perseverança.
“Me lembro que desde os 5 anos ela dizia que seria a médica dos animais, e conseguiu. É uma perda que está doendo muito. Ela mobilizou e comoveu muita gente. Deu uma lição para todos nós”, ressaltou.
O corpo de médica veterinária será levado para o Pará nesta sexta-feira (10). O pai dela disse que haverá uma recepção de amigos em Belém e, em seguida, acontecerá o velório e o sepultamento, em Vila de Beja.
Relembre a história
Natural de Vila de Beja, do Pará, Cintya foi morar em Nova Mutum junto com o marido. Ao descobrir o câncer no estômago, ela se mudou para a capital em razão do tratamento.
A veterinária recebeu doações de vários lugares do país, de pessoas que se comoveram com a história. O pai dela decidiu trabalhar como motorista de aplicativo na capital, para conseguir, de alguma forma, cobrir os custos com as sessões de quimioterapia. A cada viagem feita, ele contava a história da filha e as pessoas ajudavam, o que foi ganhando cada vez mais apoio e solidariedade.
“Deus tocou no coração de tantas pessoas que mudou a nossa história e da minha filha. Foi como se fosse aquela transformação da água para o vinho”, disse, à época.
Ao longo do tratamento, Cintya foi perdendo peso e também os fios de cabelo. A família resolveu raspar os cabelos para se solidarizar com Cintya, enquanto ela estava passando por quimioterapia. Outros amigos também resolveram ficar carecas em solidariedade à ela.
Com a repercussão do caso e todo apoio, Cintya conseguiu ser tratada pelo cardiologista Fernando Maluf do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Depois de curada, ela voltou a morar no interior do estado com a família.