O Tribunal do Júri de Rio Preto condenou o mecânico Mateus Andrade dos Santos, 35 anos, a 27 anos 2 meses e 20 dias de prisão pelo assassinato do agente penitenciário Juvenal Della Coletta Júnior. O agente foi morto a tiros há exatamente três anos, durante a mais violenta onda de ataques promovidos pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) contra os homens da força pública do Estado de São Paulo. Tanto a defesa e acusação vão recorrer da sentença. Apesar do esforço da defesa em sustentar a negativa de autoria, venceu a tese do Ministério Público Estadual. O promotor sustentou que Santos participou diretamente do crime e convenceu os jurados – três mulheres e quatro homens – a condená-lo por homicídio duplamente qualificado. O segundo envolvido no crime, Francisco de Assis Chaves Cicarelli dos Santos, 29 anos, deverá ser julgado em setembro.
Para a viúva Maria José Della Coletta, que acompanhou o leitura da sentença feita pelo juiz Caio Cesar Minuto, a condenação mostra que a justiça, em parte, foi feita. “Estou mais aliviada, mas só vou ficar tranquila quando o Francisco também for julgado e condenado. Esse ainda é um desejo meu e de toda minha família.” Pelos menos outras 30 pessoas acompanharam o julgamento durante o dia de ontem. Santos negou em depoimento a participação no crime e alegou que no dia estava em Campinas, na companhia de um amigo. Segundo ele, a versão poderia ser comprovada se a polícia tivesse solicitado a quebra de seu sigilo telefônico. “Iriam saber com quem falei e onde estive.” Ele também negou que conhecia Francisco e disse que foi vítima do acaso. “Eu só fui preso porque estava ao lado de uma casa onde a Polícia Militar de Araçatuba apreendeu muita arma, granada e até coletes. Mas não tenho envolvimento com nada disso”, falou.
O promotor José Américo Ceron aproveitou o depoimento prestado por Francisco para comprovar que os dois agiram contra o agente penitenciário. De acordo com ele, o segundo envolvido no crime confessou que foram contratados por membros do PCC para matar Della Coletta porque tinham uma dívida de R$ 6 mil com a facção criminosa. “No PCC ou você paga em espécie ou paga com serviços prestados. Como a polícia havia apreendido R$ 6 mil em drogas que estava com eles, foram obrigados a pagar na mesma moeda”, explicou. Os advogados de defesa, Álvaro dos Santos Fernandes e José Molina Neto tentaram convencer os jurados de que Santos não participou do assassinato porque estava na companhia de duas amigas em Campinas. “Isso tem como ser provado. É só darem chances.” Eles também alegaram que a pessoa que roubou o veículo no dia do crime não era seu cliente. “Ninguém o reconheceu e o motorista ainda disse que os dois ladrões eram brancos, mas meu cliente é quase negro”, afirmou.