sábado, 21 de dezembro de 2024
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Crocodilo pré-histórico é descoberto na região

Uma nova espécie de “crocodilo” que viveu há 80 milhões de anos no interior de São Paulo foi descoberta por pesquisadores brasileiros. Os primeiros fósseis que permitiram a revelação foram…

Uma nova espécie de “crocodilo” que viveu há 80 milhões de anos no interior de São Paulo foi descoberta por pesquisadores brasileiros. Os primeiros fósseis que permitiram a revelação foram encontrados na década de 1950, em uma estrada rural de Monte Alto (SP), a 120 quilômetros de Rio Preto.

O novo crocodiliforme – nomenclatura utilizada por pesquisadores para referenciar os animais parecidos com crocodilos que viveram junto com os dinossauros há 80 milhões de anos – tinha aproximadamente sete metros de comprimento.

A descoberta foi publicada na revista internacional Historical Biology, sendo liderada pelo paleontólogo Thiago Schineider Fachini do Laboratório de Paleontologia da USP de Ribeirão Preto. A pesquisa teve colaboração de Pedro Godoy (USP, UFPR e Universidade Stony Brook), Júlio Marsola (USP, UTFPR, UNESP), Max Langer (USP), e Felipe Montefeltro (UNESP).

Batizado de Titanochampsa iorii, a nova espécie de crocodilo caipira demorou setenta anos para ser identificada.

Na década de 1950, durante a remoção de rochas de uma estrada rural do município de Monte Alto (SP), operários encontraram um crânio fossilizado. Na época, os funcionários fizeram uma fotografia do achado, que permitiu a identificação da espécie inédita. Já o fóssil desapareceu.

Em 1987, o local foi revisitado por pesquisadores. Um novo elemento fóssil isolado foi encontrado e classificado como parte de um crânio de um dinossauro titanossauro. Contudo, em 2006, mediante o avanço da paleontologia, o pesquisador do Museu de Uchoa, Fabiano Vidoi Iori, voltou a analisar o material e o reclassificou com parte de um teto craniano de um crocodiliforme, diante de um trabalho publicado por ele, em parceria com o pesquisador Antonio Celso de Arruda Campos, na Revista Brasileira de Paleontologia.

Segundo Thiago Fachini, a espécie é nova porque possui características distintas dos demais crocodiliformes fósseis encontrados para o Período Cretáceo. “Tal conclusão é resultante de uma análise da morfologia geral do crânio de Titanochampsa onde observou-se que as características são semelhantes às de crocodiliformes viventes”.

Por se tratar de material fragmentário, a definição do tamanho exato do animal é problemática, contudo, as análises levando em consideração outros crocodilos permitiram estimar um animal com crânio que poderia ter entre 37 e 75 cm de comprimento e um tamanho corporal entre 3 a 6 metros. Já a espécie retratada na fotografia seria ainda maior, podendo atingir 7 metros, o que torna Titanochampsa iorii o maior “crocodilo” do Neocretáceo brasileiro.

O nome Titanochampsa significa “crocodilo titânico”, uma alusão ao seu grande porte e por ter sido confundido com titanossauro por muito tempo. Já o epíteto específico iorii é uma homenagem ao pesquisador Fabiano Vidoi Iori pela prévia identificação do material e por seus trabalhos na região de Monte Alto e no Museu de Paleontologia de Uchoa.

Raros de serem encontrados nos dias atuais, os crocodilos eram frequentes nos rios do Noroeste Paulista há 80 milhões de anos. “Além de representar um grupo até então pouco conhecido para o Cretáceo brasileiro, a nova espécie contribuirá futuramente para uma melhor compreensão dos aspectos evolutivos dos crocodilos e porque os Neosuchia – formas modernas de crocodilianos – tiveram sucesso, enquanto a grande maioria de crocodiliformes foram extintas no final do Cretáceo”, explica Fachini.

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