quinta-feira, 19 de setembro de 2024
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Mancha de fumaça de 500 km toma conta da Amazônia e pode chegar a SP

Uma elevada concentração de monóxido de carbono (CO), originada de focos de incêndios florestais, tem se acumulado desde a última terça-feira, 27, sobre o sul da Amazônia, conforme revelam imagens…

Uma elevada concentração de monóxido de carbono (CO), originada de focos de incêndios florestais, tem se acumulado desde a última terça-feira, 27, sobre o sul da Amazônia, conforme revelam imagens de satélite captadas pelo serviço Copernicus, da agência climática da União Europeia.

A previsão é que essa concentração, que afeta o oeste da Bolívia e cobre intensamente os estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso, se espalhe e atinja São Paulo e Paraná até o final da semana.

“Acredita-se que a principal fonte do monóxido de carbono, neste caso, sejam as queimadas”, afirma o meteorologista e professor Humberto Alves Barbosa, coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas.

O monóxido de carbono é um dos elementos presentes na fumaça gerada pelas queimadas, que também inclui outros gases, como o enxofre, e partículas do material queimado, o que torna o ar mais escuro e denso. Quando inalado, o CO pode comprometer o transporte de oxigênio no corpo humano, representando um grave risco à saúde.

Entre os dias 27 e 28 de agosto, foram registrados 3.949 focos de incêndio na Amazônia, de acordo com dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), comparados a 1.040 focos no mesmo período do ano passado. Até o momento, o mês de agosto contabiliza 31.130 focos ativos de queimadas no bioma, quase o dobro do registrado no mesmo período em 2023 (15.710).

A maior concentração de monóxido de carbono é indicada no mapa por uma mancha vermelha, que representa o valor mais alto na escala de Partículas Por Bilhão de Volume (PPBV), a qual mede a quantidade de CO em uma determinada região.

Atingir essa coloração no mapa significa que a concentração ultrapassou 1,2 mil ppbv. Para comparar, na madrugada desta quarta-feira, por volta das 6h, os satélites detectaram uma quantidade de 8,5 mil ppbv no sul da Amazônia. Às 18h, as medições mostraram uma diminuição na concentração do gás tóxico (5,5 mil ppbv), embora ainda estivesse em um nível elevado.

“O que precisamos entender é por que a concentração desses focos está tão alta, com focos muito próximos uns dos outros e ocorrendo em um curto intervalo de tempo. Cada foco de queimada tem características específicas. Algo aconteceu simultaneamente”, questiona o professor.

Humberto Alves Barbosa prevê que as partículas de monóxido de carbono se desloquem para o sul do Brasil nos próximos dias, devido à presença de ventos fortes. “Estamos prevendo que no sábado e domingo haverá uma maior concentração dessas partículas em São Paulo, Paraná, e em algumas áreas do Centro-Oeste”, afirmou.

O meteorologista também alerta que os próximos meses podem ser críticos para a Amazônia em relação às queimadas. “Mesmo com o fim da estação seca no Norte, entre setembro e outubro, é possível que a seca se prolongue para o leste da Amazônia, o que é preocupante, pois pode afetar a transição entre Amazônia, Cerrado e Caatinga.”

O número de municípios que decretaram situação de emergência devido ao avanço das queimadas florestais aumentou em agosto. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), com base em dados do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), foram emitidos 118 decretos de emergência desde o início do mês, sendo 51 deles no estado de São Paulo. Mato Grosso e Acre também se destacam no levantamento, com 35 e 22 decretos, respectivamente. Na terça-feira, 27, o Pará também declarou emergência.

O decreto de emergência permite que o poder público local dispense licitação para contratações, algo essencial em situações de desastres climáticos. Especialistas alertam que eventos extremos como esses podem se tornar mais severos e frequentes devido ao aquecimento global.

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