domingo, 10 de novembro de 2024
Pesquisar
Close this search box.

“Mais rapidinhas”

Ele entrou por aquela porta com receio, mas entrou. Estava decidido a buscar ajuda. Aquela compulsão o estava consumindo e lhe deixaria marcas, caso não se curasse. Vendo o círculo…

Ele entrou por aquela porta com receio, mas entrou. Estava decidido a buscar ajuda. Aquela compulsão o estava consumindo e lhe deixaria marcas, caso não se curasse.

Vendo o círculo de cadeiras, todas as pessoas por começar a sessão, sentou-se na que estava livre. Deram-lhe a palavra. Ele, com voz de alívio, desabafou.
— Já faz três dias que não espremo nenhuma.
Todos se entreolharam. Ninguém entendia. Ele, com a mão na nuca, sem jeito, tentou decifrar a reação. Resolveu confirmar.
— Ué, aqui não é do EECA, “Espremedores de Espinhas e Cravos Anônimos”?

***

A mulher, irritada enquanto o marido, sentado no sofá, assistia ao jogo de futebol e a ignorava, viu que a cachorra estava deitada no colo dele. No sofá. Ao vê-la, disparou todas as imprecações que conhecia. Afinal, iria encher o sofá de pelo. O marido nem se moveu; aumentou o som da tevê e continuou a cariciar a cachorra em seu colo. A mulher não se conteve.
— Gumercindo, seu maldito! Você parece gostar mais da cachorra do que de mim. O que ela tem de diferente, hein? Me diz!
— Ela não fala.

***

A mãe atirou-se toda curiosa para cima do filho que chegava com uma caixa de doces em casa. Já foi perguntando.
— Nossa, filho! É “bão-bão”?
— Não, mãe, ô burrice! Não tá vendo que é “tufra”?!…

***

Ao se aproximar, o homem percebeu que a multa já estava pronta no talão do policial. Arrebitou o nariz e foi tirar satisfação.
— Oi, amigo, não pode me multar, não.
— Já multei.
— Você sabe com quem está falando?
— Por enquanto, com o senhor.
— Meu filho é delegado!
— E MEU VÔ ERA COVEIRO!
— E daí?
— Isso mesmo: e daí?

***

O menino chegou para o tio com as dúvidas de sempre. Mas o tio não estava a fim. Preparou sua melhor cara de descontentamento e continuou o que estava fazendo.
— Ô tio, dente gasta?
— Gasta — disse ele, sem olhar para o sobrinho.
— Nossa! E…
— E se perde também quando se faz muita pergunta…

***

Na calçada da construção, o curioso encontrou o pedreiro sem paciência. Perguntou.
— O que vão fazer aí?
— Quando ficar pronto, você vê.

***

Ainda não haviam combinado o preço e as formas de pagamento, quando o cliente perguntou ao marceneiro.
— Afinal, seu nome é “Mítio” ou “Mitio”?
— Pagando certinho, meu querido, você pode me chamar até de Jão.

***

Na cozinha, ele bebeu escondido. A mãe o havia proibido. Ele estranhou.
— Hum, que suco esquisito — murmurou para si mesmo. E saiu dali, enquanto o irmão chegava e abria a geladeira.
— Mãe, cadê meu exame de urina?
— Tá na geladeira, garrafinha plástica igual à do suco.

***

Velhinho com o amigo.
— Minha mulher deve estar ficando louca mesmo.
— Por quê?
— Você não sabe o que ela me pediu.
— O quê?
— Pediu pra fazer sexo… E com ela!
— Ora, o que tem de mais? Você é marido dela.
— E só por isso eu tenho que ser punido?!

O. A. SECATTO

Notícias relacionadas