domingo, 24 de novembro de 2024
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Mais de mil jogos têm suspeita de manipulação de resultados em 2022

A Sportradar, agência de monitoramento de apostas esportivas em âmbito mundial, identificou, até 16 de outubro deste ano, mais de 130 partidas suspeitas de manipulação de resultado no futebol brasileiro,…

A Sportradar, agência de monitoramento de apostas esportivas em âmbito mundial, identificou, até 16 de outubro deste ano, mais de 130 partidas suspeitas de manipulação de resultado no futebol brasileiro, a maioria ocorrendo em ligas inferiores.

A empresa, especialista no ramo e parceira de 150 federações e ligas esportivas, também detectou mais de mil jogos sob suspeita em 2022 em mais de 86 países, abrangendo 12 esportes diferentes, um novo recorde, superando os 905 casos registrados pela companhia em 2021.

Cláusulas confidenciais de contrato impedem a Sportradar de revelar quais partidas apresentaram suspeitas. Quando há suspeita de manipulação de resultados, geralmente a confirmação é realizada em até 24 horas após o término da partida.

A preocupação quanto à integridade desportiva tem sido crescente nos últimos anos, em especial com o boom de empresas de apostas online. A manipulação de resultados evoluiu e se tornou muito mais sofisticada e direcionada, alcançando mais modalidades esportivas.

As apostas esportivas atualmente vão além de tentar adivinhar o resultado de uma partida. Elas permitem hoje apostar, por exemplo, em qual time de futebol teve mais escanteios em um jogo ou até em qual equipe receberá um número específico de cartões amarelos.

O Sportradar se utiliza de um sistema de monitoramento usado para detectar padrões de apostas irregulares e suspeitos. Ele é provido por algoritmos sofisticados de “machine-learning” e um banco de dados de apostas constantemente atualizado, que coleta em tempo real informações de mais de 600 operadores globais de apostas com o objetivo de detectar a manipulação de resultados.

O Sportradar atua no Brasil desde 2016 e assinou acordo com a CBF para monitorar competições organizadas pela entidade, além de atender diferentes federações em todo o País. A empresa também assinou um Memorando de Entendimento com a Polícia Federal em um acordo de cooperação para investigações sobre violações da integridade esportiva no Brasil, repassando informações sobre suspeitas de irregularidades.

No início deste ano, o Campeonato Cearense chegou a ser suspenso sob suspeita de manipulação de resultados. O Crato, um time local, foi rebaixado após terminar a primeira fase na lanterna com 39 gols sofridos em 14 jogos, e acabou punido pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Ceará – foi excluído da competição estadual. A Federação Cearense de Futebol tem uma parceria com o Sportradar para a empresa atuar no monitoramento das partidas.

Outra denúncia de irregularidades ocorreu no futebol amazonense neste ano. O Atlético Amazonense perdia por 3 a 1 para o Sul América na segunda divisão estadual quando um jogador deliberadamente marcou um gol contra aos 44 minutos do segundo tempo. O fato chamou atenção e o vídeo do lance viralizou nas redes sociais. O clube amazonense publicou nota um dia após o jogo e informou que dispensou os envolvidos no episódio.

No mês passado, o presidente do Atlético Amazonense, Henrique Barbosa, foi banido pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Amazonas das atividades relacionadas ao futebol e recebeu uma multa de R$ 100 mil por suposta participação em esquema de resultados. Ele havia sido absolvido pela 2ª Comissão Disciplinar do tribunal, mas a procuradoria do TJD-AM recorreu da decisão.

Barbosa terá audiência nesta quinta-feira com o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para recorrer da punição. Ele foi enquadrado nos artigos 240 (Aliciar atleta autônomo ou pertencente a qualquer entidade desportiva) e 242 (Dar ou prometer vantagem indevida a membro de entidade desportiva) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Já o jogador Júlio Campos foi suspenso por 300 dias e multado em R$ 25 mil pelo tribunal por conta do gol contra.

O problema, como apontado no relatório, envolve também o esporte fora do Brasil. O atacante Ivan Toney, do Brentford, do Campeonato Inglês, foi acusado de quebrar 232 regras de apostas entre fevereiro de 2017 e janeiro de 2021, segundo a Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês) anunciou nesta quarta-feira.

O atleta esteve perto de entrar na lista de convocados da Inglaterra para a Copa do Mundo e terá até o próximo dia 24 para apresentar uma resposta à federação. Apostas esportivas também são proibidas para atletas na Inglaterra, incluindo não somente em adivinhar o resultado dos jogos, mas também na escolha do novo técnico de um determinado time, além da transferências de jogadores. Também não é permitido o repasse de informações privilegiadas a alguém que as utilize para apostas.

LEI NO BRASIL

Um decreto assinado pelo então presidente Michel Temer (PMDB-SP) em dezembro de 2018 autorizou as casas de apostas de operar no Brasil. A lei 13.756 estabeleceu regras para as apostas esportivas. Desde então, a expectativa é que o Poder Executivo regulamente a atividade no País. A lei em vigência determina que as empresas que operam no Brasil sejam sediadas em outros países, sem pontos de venda físicos. Os sites estão fora do Brasil, portanto. As empresas estão nos esportes e já patrocinam os principais clubes do futebol brasileiro.

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