segunda, 25 de novembro de 2024
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Mais de 4 milhões de pessoas já deixaram a Ucrânia, aponta ONU

A Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que o número de refugiados que deixaram a Ucrânia devido à invasão russa ultrapassou a marca de 4 milhões. A maioria absoluta, com…

A Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que o número de refugiados que deixaram a Ucrânia devido à invasão russa ultrapassou a marca de 4 milhões. A maioria absoluta, com estimativa de 90% do total, é formada por mulheres, crianças e idosos, uma vez que homens entre 18 e 60 anos não podem deixar o país.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) informa que 4.019.287 pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da guerra, que começou dia 24 de fevereiro. Deste montante, mais de 2,3 milhões foram para a Polônia, o maior país-membro da União Europeia que faz fronteira com o território ucraniano – os outros são Romênia, Hungria e Eslováquia.

A estatística indica, portanto, que praticamente seis em cada dez ucranianos deixaram o país rumo à Polônia. Mais de 600 mil refugiados se dirigiram para a Romênia, grande parte atravessando a Moldávia, que também faz fronteira com a Ucrânia, mas não pertence à União Europeia. Em torno de 365 mil foram para a Hungria, e 280 mil, para a Eslováquia. A Rússia teria recebido 350 mil ucranianos, e Belarus, pouco mais de 10 mil.

A velocidade e a consequente escalada do êxodo ucraniano não acontecia na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Os dados divulgados nesta quarta-feira superam inclusive uma estimativa feita pela própria ONU antes do início do conflito: a organização havia previsto que a guerra poderia acarretar justamente em torno de 4 milhões de refugiados.

“Os refugiados da Ucrânia são agora 4 milhões, cinco semanas após o início dos ataques russos”, escreveu o chefe da Acnur, Filippo Grandi, no Twitter. “Acabo de chegar à Ucrânia. Em Lviv, vou discutir com as autoridades, a ONU e outros parceiros formas de aumentar nosso apoio às pessoas afetadas e deslocadas por esta guerra sem sentido”, acrescentou Grandi.

Somando os refugiados que foram para o exterior e os deslocados dentro do próprio país, mais de um quarto da população total da Ucrânia – pouco mais de 44 milhões –, que vivia em áreas controladas pelo governo, foi forçada a sair de casa. Estima-se, portanto, que pelo menos 6,5 milhões de pessoas tiveram de fugir para outras regiões dentro da Ucrânia.

Além dos ucranianos, a ONU indica que pelo menos 200 mil pessoas de outras nacionalidades que viviam, trabalhavam ou estudavam na Ucrânia também tiveram de fugir do conflito.

Quase metade dos refugiados são crianças

De acordo com dados divulgados pela Unicef, a agência da ONU para as crianças, em torno de metade de um total de 7,5 milhões de crianças foram deslocadas na Ucrânia até o momento. Estima-se que 2,5 milhões movimentaram-se dentro do próprio país, enquanto 1,8 milhão fugiram com familiares para o exterior. Esse número aponta que quase metade do total de refugiados (cerca de 4 milhões até o momento) é de crianças.

“A situação dentro da Ucrânia está em espiral. Como o número de crianças que fogem de suas casas continua subindo, devemos lembrar que cada uma delas precisa de proteção, educação, segurança e apoio”, disse a diretora-executiva da Unicef, Catherine Russell.

O coordenador de emergência da Acnur, Alex Mundt, afirmou que a situação dos refugiados na Europa é “um marco trágico. Isso significa que em cerca de um mês, 4 milhões de pessoas foram retiradas de suas casas, de suas famílias, de suas comunidades, no mais brusco êxodo da história recente”.

“É encorajador ver a onda de apoio oferecida aos refugiados pelas nações vizinhas e também outros países”, disse a chefe dos direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, que também reforçou que os países de destino devem proporcionar “proteção especial às mulheres e às crianças, muitas das quais enfrentam riscos de tráfico humano, inclusive exploração sexual e profissional”.

Generosidade dos vizinhos europeus

Enquanto a Ucrânia sofre com a guerra, a União Europeia trabalha e se solidariza para receber os refugiados, que chegam todos os dias de carro, a pé ou em trens abarrotados. A solidariedade, no entanto, é apenas o início de um caminho traumático, rumo a um futuro completamente desconhecido.

Mais do que atos de amparo e proteção, e ciente da pressão sobre a Polônia, a UE busca uma maneira de distribuir os refugiados de maneira eficaz dentro dos demais países do bloco.

Ylva Johansson, comissária europeia para assuntos internos, disse nesta segunda-feira que a UE deveria “incentivar” os refugiados que estão na Polônia a continuar se deslocando para o oeste, “porque de outra forma a situação se tornaria insustentável”.

No dia 4 de março, a UE ativou a chamada Diretiva de Proteção Temporária, uma lei nunca antes utilizada que dá proteção temporária aos ucranianos no território do bloco, permitindo-lhes viver, trabalhar, estudar e ter acesso ao bem-estar social em qualquer um dos 27 estados-membros da UE. Até o momento, cerca de 800 mil refugiados solicitaram o status.

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