sábado, 21 de setembro de 2024
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Mais da metade dos brasileiros nunca foi ao cinema

O Brasil, sempre visto como um país de diversidade cultural, de muita música, ritmo e carnaval, não tem uma boa oferta de cultura. A conclusão é de pesquisa do Ministério…

O Brasil, sempre visto como um país de diversidade cultural, de muita música, ritmo e carnaval, não tem uma boa oferta de cultura. A conclusão é de pesquisa do Ministério da Cultura. O estudo mostra que a cultura está presente no orçamento das famílias brasileiras e tem a mesma importância entre ricos e pobres, embora não tenha qualidade.

Publicado em dois livros Economia e Política Cultural e Política Cultural no Brasil, o estudo analisa a cultura brasileira no desenvolvimento do país e c constata que todas as famílias brasileiras valorizam a cultura e fazem dela uma atividade no tempo livre”. O pesquisador Frederico Barbosa, autor dos livros, ressalta, entretanto, que existe grande dificuldade de acesso, por falta de equipamento e por falta de oferta dos bens culturais.

Pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Barbosa faz, nos dois livros, uma retrospectiva crítica das políticas culturais e fala sobre as necessidades para a criação de novas.

A análise ajuda no ganho de objetividade e capacidade de auto-avaliação. É valiosa também para as demais instituições culturais avaliarem suas políticas, afirma o secretário de Políticas Culturais do ministério, Alfredo Manevy. No início do governo Lula, o Ministério da Cultura era o único que nunca havia feito uma pesquisa pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e esta é a primeira análise qualitativa da área.

De acordo com o estudo, a importância da cultura é igual em todos os níveis sociais. As famílias brasileiras gastam, em média, 4% da renda com cultura. É uma revelação muito interessante. Mesmo com as profundas desigualdades, a cultura é algo muito presente e está entre as necessidades fundamentais, como moradia e saúde, independentemente de escolaridade e renda, destaca o secretário.

A falta de oferta vem da falta de educação e de exercício prático, diz o estudo, lembrando que a maioria dos brasileiros escuta a música que é tocada no rádio e desfruta o audiovisual através da televisão aberta, que é muito pobre de conteúdo. “É preciso melhorar a qualidade do produto simbólico que chega à população.

Apenas 14% dos brasileiros vão ao cinema – 60% nunca foram ao cinema. Setenta por cento da população nunca visitou um museu. A falta de oferta se dá em todos os setores, são poucos os livros consumidos. A tiragem média é de 3 mil exemplares, aponta Manevy.

Para aumentar o acesso da população, o Minc criou o Tíquete Cultura, que aguarda sanção presidencial. Se aprovado, funcionará como o Tíquete Alimentação, em que o cidadão escolhe onde vai comer. No caso do Tíquete Cultura, escolhe que obras vai assistir ou que livros vai comprar. Entretanto, diz Barbosa, tal política não será suficiente, pois quem vai usar é quem já valoriza.

Somente a educação pode melhorar o consumo cultural, pois cria o gosto pela cultura e dota as pessoas de capacidade de desfrutar dos bens culturais, de decifrar códigos culturais, de ter um trabalho de elaboração simbólica maior, destaca o pesquisador. Os números mostram também que o livro ainda não chegou à casa de muitas famílias. Em média, as despesas anuais com audiovisual somam 41,2% dos gastos culturais das famílias, “apenas 1,65% é investido na compra de livros”.

O estudo conclui ainda que boa parte do consumo é feita dentro de casa, no âmbito familiar, seja a música, o cinema ou a televisão. Isso coloca o desafio de espaços públicos de socialização, afirma Frederico Barbosa, que estudou o assunto durante dois anos e meio. O ministério promete seguir a recomendação. É uma das nossas metas. Talvez a nossa mais importante diretriz, diz Alfredo Manevy.

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