O acúmulo de empregos formais levou mais da metade dos trabalhadores das cidades grandes a ter a carteira assinada.
Diego cresceu nos canteiros de obras. Fazia serviços temporários como servente de pedreiro. Mas de dois anos para cá, acredita que pode fazer carreira na construção civil. O que mudou foi a carteira assinada.
“É daqui que eu vou tirar tudo que eu tenho, tudo que eu sonho na vida. Isso não é um bico para mim, isso aqui é um trabalho que eu vou estar abraçando. A carteira mudou não só a minha vida, mas a de muita gente”, diz Diego.
Na última década, a construção civil passou por uma reforma. O setor, que estava entre os mais informais da economia, teve que acompanhar o ritmo de crescimento do Brasil. As grandes construtoras profissionalizaram o mercado e o que se viu foi uma disparada nos contratos formais com carteira assinada.
De 2004 a 2010, o número de trabalhadores com registro em carteira na construção civil cresceu 13,3%, bem acima da média de todos os setores, que foi de 6,3%. Essa tendência foi seguida pelo comércio, indústria, serviços e, nas grandes cidades do país, mais de 54,1% da população já tem carteira assinada.
O economista Fabio Romão explica porque o aumento da contratação formal melhorou a vida de muita gente: “Aumenta a segurança do trabalhador, faz com que aumente sua confiança e aumenta também o acesso dele ao crédito. Ou seja, ele consegue tomar o empréstimo para adquirir, por exemplo, bens duráveis e até mesmo um imóvel”.
“Aqui vai ser minha casa. Quarto, sala, banheiro, cozinha”, diz Diego.
Diego toca a obra com dinheiro emprestado no banco. Pela primeira vez teve o crédito aprovado.
“Ouvia que seu crédito não foi pré-aprovado. Hoje em dia nem preciso ir lá. Sempre que passo o cartão está lá. Quero chegar ao topo”, sonha o rapaz.