Quase três em cada cinco brasileiros é contrário à possibilidade de aborto para mulheres infectadas pelo vírus zika, mesmo que exista a confirmação de microcefalia no feto. É o que aponta uma pesquisa do Instituto Datafolha, publicada nesta segunda-feira (29) pelo jornal Folha de S. Paulo.
Para 58%, as mulheres grávidas não podem interromper a gestação em casos relacionados ao zika, contra 32% que defendem o direito ao aborto e outros 10% não opinaram. A maioria dos entrevistados (52%) também rejeita o aborto mesmo nos casos em que a microcefalia esteja confirmada – 39% se dizem favoráveis neste caso.
A rejeição maior está entre as mulheres (61%) quando da hipótese do aborto para mulheres que foram infectadas pelo zika, e o dado se mantém alto mesmo quando a microcefalia já foi detectada – 56% das mulheres seguem aqui contrárias ao aborto também.
A única faixa que aprova o aborto em casos de zika e microcefalia está entre aqueles que possuem ensino superior (53%), com renda entre cinco a dez salários mínimos (56%). Nas demais, a maioria é contrárias à interrupção da gestação pela infecção do vírus ou pela má-formação do bebê.
Recentemente, a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu que as leis que impedem o aborto em países como o Brasil fossem flexibilizadas. Entretanto, o governo brasileiro já indicou que não patrocinará este debate, defendendo que a lei brasileira hoje criminaliza o aborto, salvo algumas condições específicas.
Desde o início da epidemia do vírus zika no País, no ano passado, o Brasil já registrou 583 casos confirmados, dos quais 90% estão situados na região Nordeste. Há estudos em andamento para tentar confirmar a suspeita de que a doença tem relação direta com os casos de microcefalia que estão sendo registrados, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) espera ter uma confirmação disso nos próximos meses.