Gautam Adani, o homem mais rico da Ásia e que mais enriqueceu em 2022, perdeu na segunda-feira (30) o acesso a um grupo bastante seleto: o das 10 pessoas mais ricas do mundo.
Mas quem é esse bilionário que, no segundo semestre do ano passado, conseguiu entrar no grupo das cinco maiores fortunas, formado até então por homens, brancos, norte-americanos e europeus?
Gautam Adani tem 60 anos e é fundador do Grupo Adani, um conglomerado de empresas com negócios em diferentes setores como infraestrutura, logística e energia. Entre os destaques estão a Aldani Power – a divisão de geração e transmissão de energia do grupo – e a Adani Gas.
Além disso, o conglomerado do bilionário indiano é o maior operador portuário da Índia e tem ainda participações em aeroportos, cimento, imóveis, energia verde, entre outros negócios.
Adani quer ser o maior produtor mundial de energia verde e já anunciou que investirá até US$ 70 bilhões em projetos de energia renovável.
Adani adquiriu participação de 74% no Aeroporto Internacional de Mumbai, segundo mais movimentado da Índia, se tornando o maior operador de aeroportos do país.
No ano passado, Adani comprou ainda os ativos indianos da empresa suíça Holcim por US$ 10,5 bilhões para se tornar o segundo maior produtor de cimento da Índia.
Origem humilde
Ao contrário de muitos bilionários que herdaram suas fortunas por meio de herança, Adani se esforçou para enriquecer.
Adani nasceu em uma família de classe média em Ahmedabad, no estado de Gujarat, perto de Mumbai, na Índia, em 1962, e o pai dele tinha um pequeno comércio na área têxtil. Depois de terminar o colégio, Adani chegou a cursar negócios na Universidade de Gujarat, mas desistiu no segundo ano.
De plástico a diamantes
Em 1981, seu irmão mais velho comprou uma fábrica de plásticos na cidade de Ahmedabad, na Índia e o convidou para fazer parte do negócio. No início, Adani se dedicava à importação de PVC, depois expandiu para outros produtos e passou então a exportar tecidos, produtos agrícolas e pedras preciosas como diamantes.
Portos, energia e carvão
Em 1995, Adani começou a operar seu primeiro porto na Índia, e hoje opera vários em todo o país. Dos portos e da distribuição de mercadorias, foi para o setor de energia.
Adani tem ainda usinas geradoras de energia elétrica e empresas que a distribuem e comercializam diretamente para os lares indianos.
Também é dono do projeto Carmichael, na Austrália – uma mina de carvão a céu aberto que abastece usinas de energia -, pelo qual recebeu duras críticas de ambientalistas e enfrenta processos judiciais. Por outro lado, Adani tem fábricas de painéis solares.
Ligação com a política
Assim como aconteceu com os oligarcas russos, que enriqueceram com a privatização de antigas propriedades soviéticas, conglomerados e monopólios setoriais graças ao acesso aos líderes políticos, o sucesso de Adani pode estar associado também à sua relação com o atual primeiro-ministro do país, o nacionalista hindu Narendra Moodi.
Adani mantém uma relação próxima com ele desde a época em que Moodi era governador do estado de Gujarat, de 2001 a 2014, sua terra natal e onde estão as sedes de suas empresas.
Em 2019, Adani ganhou o contrato para administrar seis aeroportos no país, apesar de não ter experiência na área.
Além disso, Adani tem sido um importante financiador do partido de Moodi, o Bharatiya Janata. Quando o primeiro-ministro chegou ao poder em 2014, ele usou o avião do magnata para voar de Gujarat a Nova Déli, a capital do país, para assumir o cargo.
Outro projeto de Adani é entrar na área de comunicações. No ano passado, ele fez uma oferta para adquirir 26% da New Delhi Television (NDTV), a principal emissora de notícias do país, o que pode favorecer Moodi nas eleições gerais de 2024.
Sequestro e atentado
O enriquecimento de Adani atraiu a atenção de grupos criminosos e um deles o sequestrou em 1997 quando estava saindo de um clube exclusivo. Ele foi liberado horas mais tarde, depois de pagar US$ 1,5 milhão.
Em 2008, Adani jantava no luxuoso Taj Mahal Palace Hotel, em Mumbai, quando o local foi atacado por extremistas islâmicos. O bilionário indiano saiu ileso após se esconder no porão do prédio. “Vi a morte a 4 metros”, disse.